Especial feriadão: Caio Alpha

Fonte: Technibus Matéria: JC Barboza No alfabeto grego, Alfa é a primeira letra. Na astronomia significa a principal estrela de uma constelação. Em ônibus – grifado com “ph” – ...

Fonte: Technibus
Matéria: JC Barboza

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No
alfabeto grego, Alfa é a primeira letra. Na astronomia significa a principal
estrela de uma constelação. Em ônibus – grifado com “ph” – é o nome
da carroceria que começou a ser produzida pela Caio á partir de novembro de
1995 em linha de produção na fábrica de Botucatu, SP. O Alpha chegou com a
enorme responsabilidade de subsituir o modelo Vitória, líder de mercado desde o
seu lançamento em 1988. A Caio estava na mesma situação da Volkswagen quando,
em 1994, tirou o gol de linha e lançou outro gol. A marca alemã conseguiu
transformar o sucessor em líder. A Caio apostou no Alpha para manter a
liderança no segmento urbano. O volume inicial de vendas do novo modelo foi
surpreendente. “Vendemos os primeiros 250 carros sem o cliente conhecer o
carro, sequer em fotografia”, orgulha-se José Gildo Vendramini, então
diretor comercial da empresa.

O
Alpha foi desenvolvido na trilha da modernidade num processo chamado de
engenharia simultânea. As garagens dos operadores serviam de laboratório. Os
técnicos da Caio foram consultar as necessidades práticas dos gerentes e
empresários do ramo.
Em
paralelo, a Caio contou com a inestimável ajuda da informática. O
desenvolvimento do projeto contou com o software Catia da IBM que fez a
modelagem de superfícies. Na fase seguinte, a engenharia experimental entrou em
cena para comprovar o comportamento estático e dinâmico das estruturas da
carroceria através de simulações, via métodos de elementos finitos com o
software Nastran e testes de campo.
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Em
outras palavras, o Alpha nasceu sob o signo da engenharia simultânea, captando
sugestões de campo, e da engenharia experimental, materializando as sugestões.
Ao mesmo tempo utiliza ferramentas de informática para dar confiabilidade ao
desenvolvimento.
Além
de ouvir o cliente no campo e utilizar os recursos da informática no
desenvolvimento do projetone na engenharia do produto, a Caio cuidou com
carinho da engenharia do processo produtivo através de consultas ao pessoal que
trabalha no chão da fábrica. A partir das sugestões, escolheu o software Arena,
da Paragon, para adequar produto e produtividade. Do resultado dessa conjunções
de ações, surgiu o Alpha, que rompe totalmente com as carrocerias produzidas
pela Caio em toda sua história.
A
novidade é a viga “I”
Pela
primeira vez, a Caio empregou a chamada viga “I” na base
(subestrutura). As vigas de aço estrutural ASTM A6/A36M, dispostas
transversalmente, com três polegadas de altura, estão apoiadas sobre as
longarinas e fixadas por suportes soldados ou parafusados. Até então, a Caio só
utilizava a viga “U”. Além das vigas, a base tem perfis, colocados no
sentido longitudinal para permitir fixação do piso e poltronas.
A
estrutra do Alpha pode ser constituídas por dois materiais: chapa de aço
prensada ou alumínio tubular. De início, cogitou-se ter estrutura tubular nos
dois tipos, mas a corrosão interna acelerada nos pontos de solda nos tubos de
aço aconselhou a empresa a manter a tradicional  chapa prensada e zincada
nas estruturas laterais e teto.
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A
estrutura do carro como é chamado no setor o ônibus que usa aço – tem perfis de
aço estrutural  ZAR 230 zincado e unidos por meio de solda. Já o
revestimento externo lateral é feito por chapas de aço galvanizadas com
“cristais minimizados e aplainamento restritivo, coladas na parte próxima
ao peitoril das janelas e na parte inferior (saia)”, explica um texto
técnico distribuído pela Caio.

o carro de alumínio tem estrutural lateral e teto formados por perfis de liga
ASTM 6261 unidos por meio de rebites maciços. Nos painéis laterais, o
revestimento externo é feito com chapas de alumínio coladas. 
A
proporção de vendas, na época, entre carros de ferro e alumínio era de 70 % e
30 %.
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O
Alpha inaugurava na Caio, nova tecnologia de peças de fibra de vidro. Antes o
processo era manual – para a produção de 25 carrocerias diárias, por exemplo,
eram necessários dez moldes. No processo RTM, automatizado, importado da
Inglaterra, um só molde garante idêntica produção diária.
Tal
avanço foi importante no aumento da produtividade se for considerado que uma
carroceria como a Alpha incorporava as seguintes peças de fibra: frente,
traseira, pára-choques, painel, cofre do motor. degraus das portas e as cúpulas
dianteira e traseira do mecanismo das portas. Aliás, nos degraus da porta, o uso
da fibra é uma novidade inaugurada pelo Alpha.
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No
revestimento interior do teto, o Alpha trouxe uma novidade: o formidur, feito
de lâminas de eucalipto prensadas a quente. A vantagem sobre a fórmica seria
não lascar causar ferimentos em caso de quebra.
Nos
protótipos do Alpha vistos duas semanas antes do lançamento, a coloração cinza
ônix do teto em formidur deu suavidade ao carro, detalhe importante que diminui
a tensão dos geralmente agitados e estressados viajantes de coletivos urbanos.
Além
do formidur, havia outro material, o ABS utilizado para revistir a cúpula
dianteira interna, formado pela peça (central) para o intinerário; caixa de
mecanismo das portas (à direita) e porta-pacotes para o motorista e central
elétrica (à esquerda).

o piso do Alpha permite duas opções: chapas de alumínio xadrez (lavrada) e
compensado naval revestido de passadeira preta lisa com estrias de alumínio no
corredor.
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O
Alpha tem poltrona de polipropileno azul com opção para poltronas estofadas –
concha em polipropileno azul e almofadas na mesma tonalidade ou estofamento e
encosto feito em compensado, espuma de poliuetano e revestimento em plástico.
As poltronas tem pega-mãos tubulares.
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A
tecnologia da cola é utilizada também para fixar o vidro do intinerário.
Na
região das caixas de rodas as poltronas tem apoio de pés. Para versões de
chassi que tem caixas de roda com mais de 300mm de altura, são adotados
assentos de encosto contra encosto.
A
Caio entrou em 1996 com sua estrela principal carregada de mudanças e
perspectivas. Afinal, Alpha é nome de carroceria urbana, segmento que
representa 95% da produção da empresa.
Estilo
e razão – A carroceria concilia design e facilidade de manutenção
Os
ônibus compõe parte preponderante do cenário das cidades brasileiras. São cerca
de 100 mil carrocerias em movimento no cotidiano. A proposta da Caio, com o
Alpha, foi quebrar a rigidez, as linhas duras e criar um design suave para
contribuir à amenização do caos urbano.
A
suavização da linha levou muito em conta a facilidade de limpeza e manutenção.
Em vez de cantos vivos, sobreveio o design arredondado. Procurou-se, ao máximo, o
que é bom, eliminar pontos de retenção de sujeira, que criam dificulades para
limpeza.
A
frente do Alpha pode sugerir várias interpretações. Uma delas: ter sido
inspirada no design do accord, carro da marca japonesa Honda. Mas há quem
visualize a forma de um peixe.
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A
racionalidade foi aplicada para facilitar o trabalho nas garagens: o Alpha sai
de fábrica com quatro faróis redondos – dois deles vem de fábrica.
Outra
preocupação que alia estilo e conteúdo é vista nas portas e no intinerário do
Alpha. As portas, de 700 mm ou 1000 mm de vão livre, trazem vidros na parte
superior e inferior, fixados por cola na estrutura. Antes, no Vitória, o vidro
não era inteiriço, mas entremeado com uma faixa central de chapa.
O que muda na carroceria – Os diferenciais que trazem vantagens ao Alpha em comparação com o modelo anterior, Vitória.
O motorista tem melhor visibilidade e segurança: o pára-brisa é mais envolvente e está mais distante do posto de comando.
O pára-brisa bipartido permite montagem e desmontagem das partes, independentes uma da outra. No Vitória é necessária a retirada das duas partes em caso de reposição.
 Os faróis (quatro, agora redondos) foram instalado numa posição 120 mm mais alta, providência que melhora a iluminação e facilita a troca.
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O ângulo de entrada do balanço dianteiro é maior, diminuindo o risco da bater a frente no chão.
O design está mais limpo, arrendondado, sem cantos vivos para evitar saliências e facilitar a limpeza.
Entrada de ar melhorada na janela do motorista.
Grade de fibra no processo RTM (resin transfer molding) – é mais leve, fácil de recuperar e, por ser lisa, permite melhor aproveitamento para comunicação visual.
Pára-choque integral, de fibra no processo RTM: mais fácil de recuperar com menor custo de mão-de-obra.
Área de itinerário 160 mm² mais ampla que no Vitória.
Traseira facilita a reposição
Peça única em fibra de vidro no processo RTM que facilita a limpeza e lavagem – não existe perfis externos ou cavidades.
A peça tem dimensão única para os vários tipos de chassis, um dado que facilita a reposição e facilita o almoxarofado.
Suporte de placa de licença conjugada na fibra e não mais sobreposto.
Na parte interna, o fechamento é feito com ABS, o que dispensa colocação de fórmica, perfil de alumínio e rebites.
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Fixação da traseira: estrutura soldada e não parafusada como no Vitória.
Lanterna fixada 50 mm mais alta em relação ao Vitória para reduzir a incidência de danos.
Lanterna compacta, envolvente e fumê: facilidade de montagem e reposição – em caso de dano, troca-se apenas a lente.
– Brake-light maior: área ampliada em 40 % em comparação com a luz de parada do modelo Vitória.
O arco de rodas (não mais em chapa) é construído em fibra, processo RTM: dispensa perfil de borracha, facilita a manutenção e elimina itens de reposição.
O arco, por ser de fibra, tem nova e maior geometria: refrigera melhor as rodas.
Mata-juntas verticais do chapeamento menos salientes: melhor acabamento na pintura e facilidade na limpeza.
Sai o alumínio e entra o plástico
Pefis de acabamento externo: sai o alumínio e entra o plástico, que permite melhor acabamento e usa menos mão-de-obra na recuperação da pintura.
Logotipo Caio e Alpha em plástico adesivado: elimina furos de fixação
– Ausência de rebites aparentes na região das janelas da carroceria de alumínio: visual mais atraente.
Revestimento em formidur
Revestimento do teto em formidur (prensado e texturizado), em vez de fórmica: mais seguro, pois não forma lascas no caso de acidente.
Cúpula dianteira superior em ABS, dividida em partes:mais versatilidade para manter e recuperar.
Novo método de fixação das poltronas permitiu ganho de 80 mm na largura do corredor.
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Isolamento térimico do motor com plástico intejado (25 mm de espessura) : mais conforto.
Instalação elétrica com placa de circuito impresso: acesso à manutenção facilitada; a fiação é embutida mas calhas da luminária.
Os detalhes do Alpha – A carroceria atende às especificações contidas nas normas conmetro tipos I e II
Corrimãos: tubos de alumínio fixados ao teto por suportes de plástico injetado (com reforço interno de aço)
Balaústres: em tubos de alumínio, fixados do corrimão do teto ao pega-mão das poltronas.
Pega-mãos: ao lado das portas dianteira e traseira.
Tubo de escapamento: pode ser posicionado horizontalmente na traseira, sob o pára-choque; na lateral, próximo do eixo traseiro e na traseira (vertical).
Tanque de combustível: sob o piso, na lateral da carroceria, com capacidade de 210 a 400 litros, conforme o chassi.
Botão de comunicação entre cobrador/motorista fixado na gaveta do trocador, com luz piloto que o motorista localiza no painel de instrumentos.
Gancho para reboque na dianteira.
Janela do motorista: dois vidros de correr e um vidro basculante para direcionamento do ar.
Baterias localizadas em compartimento sob o piso, com tampa para acesso lateral.
O Alpha na Paraíba
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O Alpha foi uma carroceria que não fez muito sucesso em nosso estado, apenas cinco empresas adquiriram o modelo 0 Km. Foram elas Mandacaruense, Marcos da Silva, Boa Viagem, Boa Vista e Wilson. A Mandacaruense, a Borborema (Campina Grande) e a empresa Das Graças adquiriram uma unidade cada semi-nova. O da Mandacaruense é ex-Rio de Janeiro e o Alpha da empresa Das Graças é oriundo do Ceará. Somente o Alpha da empresa intermunicipal Das Graças ainda opera.
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O Alpha encerra um ciclo
O Alpha deixou de ser produzido em 1999 em meio a uma nebulosa crise da encarroçadora Caio, sendo substituído pelo modelo Apache S21. O Alpha foi um dos últimos modelos produzidos pela Caio quando ainda pertencia a família Massa, (família do piloto Felipe Massa). No ano seguinte, 2000, a empresa opta pela auto-falência e em janeiro de 2001, a Caio “renasce” nas mãos do grupo Ruas que arrendou a marca.
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