Ciferal, no pioneirismo em carrocerias de alumínio

Fonte: Inbus Transport Matéria/Texto: Hélio Luiz de Oliveira/Paulo Rafael Viana Fotos: Acervo Paraíba Bus Team Rio de Janeiro, 11 de Outubro de 1955 Esta é a data de fundação da Comércio e Indústria ...

Fonte: Inbus Transport
Matéria/Texto: Hélio Luiz de Oliveira/Paulo Rafael Viana
Fotos: Acervo Paraíba Bus Team

Rio de Janeiro, 11 de Outubro de 1955

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Esta é a data de fundação da Comércio e Indústria
de Ferro e Alumínio – a Ciferal. Sr. Fritz Weissmann como artífice a
carpintaria, mestre no manuseio e detalhes em madeira. Austríaco de nascimento,
chegou no país ainda jovem em 1927. Sr. Fritz é considerado “o pai do
ônibus de alumínio no Brasil”. Em 1948 fundava a pequena encarroçadora
Metropolitana, quando da sua vinda das terras européias. Grande idealista,
homem de visão, sete anos mais tarde nasce o projeto da Ciferal – pioneira na
introdução do duralumínio como estrutura nas carrocerias de ônibus. Conceito
moderno para a época, em sua equipe de projetistas, tem o ex-funcionário da
Suisse Air – Rudolf Berthold. 

A década de 60 é marcada pelas carrocerias com total implementação do alumínio.
Os primeiros clientes surgem ainda com modéstia. Na parceria Weissmann e Berthold, o pequeno galpão
na Av. Brasil, no bairro de Ramos, vê surgindo a consolidação de um produto
estrutural com vantagens em relação aos concorrentes: a leveza e durabilidade
da carroceria de ônibus (como o Flecha de Prata – rodoviário do ano de 1961).

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O Rio de Janeiro tem o maior mercado da fabricante.
O grande cliente, a Viação Cometa moderniza toda a sua frota com os ônibus do
Weissmann. A Ciferal foi também uma importante escola na preparação de técnicos
e projetistas, no desenvolvimento dos projetos industriais para a fabricação de
carrocerias para ônibus.

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O Líder (rodoviário) é consolidado como um produto
ideal para o serviço de transporte coletivo interestadual. Em 1973 surge o
grande e revolucionário “Dinossauro” (veículo semelhante a um
exemplar americano do GMC ano 52) que ainda hoje desperta interesse. A
operadora Cometa então padronizaria com os novos ônibus – o “Dino”
(como também era conhecido) chega a pesar 970 kg mais leve que os modelos da
concorrência, além de permitir uma carroceria com amplo e passante bagageiro
(volume superior a 11 m³).

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O Tocantins (urbano) é o ideal para as cidades
litorâneas. São Paulo, Recife (a Ciferal Paulista e a Reciferal respectivamente)
são as filiais, e novos mercados dão maior dimensão para ampliar e
descentralizar as fabricações cariocas.

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Ciferal Urbano
Em 1979 mostra um revolucionário e moderno conceito
de desenvolvimento de carroceria: O Trolebus Padron de 12 metros para a capital
paulista (200 unidades) e o rodoviário Araguaia. Participa de fabricação dos
ônibus Padron (1980).

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PadronScania
Projeto Padron

Logo em seguida a encarroçadora se vê amargurada com alguns resultados
negativos como a afirmação do processo de concordata. Para o ano de 1981 o
rodoviário Tapajós é lançado. A filial paulista torna-se independente
(tornando-se posteriormente na Condor, Thamco, dando origem a atual Neobus) e
no ano seguinte, 1982 a Reciferal encerra suas atividades e o governo carioca
assume o controle da empresa matriz.

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Por incrível que pareça, isso é um Tapajós
Weissmann não desiste – ainda permanece no conselho
da empresa, a Ciferal tinha um nome e uma trajetória a continuar. Em 1986
mostra o urbano Alvorada, substituto do Fênix, o Jardineira e o micro Micron –
dois anos mais tarde o Podium, belíssimo modelo rodoviário para longas
distâncias.

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Fênix
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Micron
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Padron Briza
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As finanças da encarroçadoras começam a florescer,
novos rumos creditam a Ciferal a sua consolidação no mercado de carrocerias.

Em 1990 mudam para Xerem, distrito de Duque de Caxias, RJ (ex-fábrica da FNM e
FIAT Diesel) – maiores instalações, colaboradores, juntas, as duas fábricas –
Ramos e Cordovil somam 65 mil metros quadrados e 4 linhas de montagem, completa
a marca histórica de 20 mil unidades produzidas.

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Para abril de 1994 apresenta o Cursor – novo
rodoviário com as versões 3.40 e 3.60. Como sempre antecipou as novidades,
ainda no mesmo conceito de linhas arrendondadas, o mercado vê surgindo o GLS: a
garantia da carroceria em 20% mais leve que a concorrente de ferro (Vitória,
Alpha, Mega, Dinamus, Svelto e Urbanus). A Ciferal que devido a sua estrutura
constituída em alumínio, resulta em 97 kg a menos por metro linear, o que
traduz o equivalente a 1190 kg mais leve (17 pessoas adultas).

Ciferal Cursor Volvo B58
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No final de 1995 , a Ciferal passa por um processo
de privatização. Os compradores então criaram a holding RJ Administrações e
Participações, formada por empresários de ônibus cariocas, entre eles Jacob
Barata. Em 1997, com nova identificação e logotipia, o Gls aparece
reestilizado.

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Chega o ano de 1999, a empresa no auge dos seus 44 anos, passa a ser controlada
pela Pólo Participações – tornando-se controladora a Marcopolo, maior
fabricante de ônibus do Brasil. 

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Dando sequência à direção e metodologia gaúcha, a
Ciferal passa somente a fabricar unidades urbanas: Turquesa (1999), o mini
Vicino (2000), o micro Minimax e o urbano Citmax, que ambos tiveram a produção
descontinuada em 2009. Esses foram os dois últimos modelos com a marca Ciferal
já que atualmente dedica-se exclusivamente a produção de produtos com a marca
Marcopolo.

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Agilis II
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Modelos urbanos
Urbano (1970-1976)
Tocantins (1976-1983)
Fenix (1983-1986)
Padron Alvorada (1986-1991)
Padron Rio (1991-1994)
GLS Bus (1994-1997)
Padron Cidade I (1997-1999)
Padron Cidade II (1999)
Turquesa (2000-2002)
Citmax (2003-2009)

A Ciferal hoje na Paraíba


Atualmente
não é difícil de encontrar um ônibus com carroceria Ciferal circulando pela
Paraíba, desde que não seja operando em linhas regulares, e sim como escolares
e particulares por todo o estado. Circulando no transporte coletivo de
passageiros, na região metropolitana de João Pessoa, temos apenas em duas
empresas:

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Um
deles é o 56.001 da Empresa Almeida, do município de Bayeux, com chassi
Mercedes-Benz OF-1620. Ele foi reformado em agosto do ano passado, recebendo
nova pintura e nova forma de numeração, pois antes ele tinha o prefixo 5601.
Chegou zero quilômetro na Almeida em 1997, originalmente tinha embarque
traseiro, mas foi mudado para a frente e até hoje circula nas linhas da
empresa.

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Os
outros Ciferais são da Rodoviária Santa Rita, modelo Citmax, o último modelo
fabricado pela própria Ciferal, levando inclusive seu nome. Na SR são quatro
unidades do modelo:

50.05 e 50.06, encarroçados em chassi Mercedes-Benz OF-1722M/59. Chegaram na Santa
Rita oriundos da Viação Redentor do Rio de Janeiro.

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50.22, com chassi Volkswagen 17.210 EOD. Esse pertenceu primeiro a uma empresa
pernambucana chamada Norte Sul, que por sinal não existe mais, pois a empresa
foi comprada pela Borborema Imperial, também de Pernambuco

50.24, também com chassi Volkswagen, mas não eletrônico, sendo mais exatamente
o chassi 17.210 OD. Esse possui uma seqüência de placas que demonstra que ele é
oriundo do estado de Alagoas, onde as placas vão de MUA-0001 até MVK-9999.
Ninguém até hoje sabe a procedência exata desse Citmax.

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PB Rio

Possui algumas unidades de Agilis LO 812 ex- Rio de Janeiro

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Águia Turismo

Possui alguns Turquesas ex-Guarulhos, ex-Rio de Janeiro que fizeram parte da frota da extinta Boa Viagem.

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Fritz Weissmann – uma dedicatória na participação
de ônibus do Brasil
” Eu e Jean Dierckx pudemos conviver com o
grande conhecimento em projetos de carrocerias para ônibus com Rudolf BerThold
– projetista do primeiro Ciferal de Duralumínio”. Simplesmente sábio.
Uma aula que jamais esquecemos, pois foi nosso
diretor industrial na Thamco no final dos anos 80. Particularmente, através de
Berthold conheci Weissmann – um mestre, professor acima de tudo. O sueco
Berthold falece repentinamente em sua terra natal, mas nosso ídolo me descreve
anos seguintes as qualidades do seu projetista de “carteirinha”.

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Vivi no meu mundo de pesquisas sobre ônibus, verdadeiras aulas de carroceria
com Weissmann. Em sua residência no Rio, pôde me mostrar passo a passo sua brilhante
e ilustríssima trajetória, até na organização da Fabus, idealizada por quem
sempre associou a unidade entre os encarroçadores nacionais.

Falece em julho de 2001, aos 97 anos, quase não
podendo ouvir nitidamente as palavras numa conversa tranquila, absorveu ao
longo do tempo os marteletes das rebitadeiras de alumínio dos quase 25 mil
ônibus que passaram por suas mãos. Weissmann, autor do ônibus de alumínio no
Brasil, maior admirador da Ciferal.”

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Durante a semana estaremos publicando matérias sobre o lançamento de alguns modelos da Ciferal ao longo da história. Não percam!!!

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