Embarque na história

Fonte: Vrum  Matéria/Texto: Bruno Freitas Fotos: Paulo Henrique Vivas Transportar passageiros entre os bairros da então pacata Pouso Alegre, na Região Sul de Minas Gerais, em 1968, não era só um ...

Fonte: Vrum 
Matéria/Texto: Bruno Freitas
Fotos: Paulo Henrique Vivas

gardenia

Transportar
passageiros entre os bairros da então pacata Pouso Alegre, na Região Sul de
Minas Gerais, em 1968, não era só um trabalho. Também era pura aventura. Àquela
época, eram poucas as ruas pavimentadas do município e a demanda para linhas de
ônibus urbanos, baixa. Um cenário pouco progressista, mas que não desanimou o
jovem Antônio Afonso da Silva a comprar uma jardineira, uma lotação e assumir o
transporte coletivo da cidade. Com o dinheiro de um dos dois caminhões nos
quais trabalhou ao lado do pai, entre 1965 e 1968, Toninho, como é conhecido no
meio, colocou os primeiros ônibus da Cipatur (abreviação de Circular Pouso
Alegre Turismo) para rodar. “O caminhão que você pagou com trabalho é seu. O
que eu paguei é meu. Vá, faça seu negócio e seja feliz”, incentivou o pai,
Afonso Pedro da Silva, ao filho, que em 1983 tornou-se sócio do Expresso
Gardênia. Naquele ano, a frota da empresa era composta por 19 ônibus, enquanto
nas linhas da Cipatur havia 25 coletivos.

O tempo passou, os ônibus evoluíram e a Gardênia se transformou em uma das
maiores empresas de ônibus do estado, transferindo sua sede para Belo
Horizonte. O laço afetivo que Toninho tem com Pouso Alegre ficou mais forte,
razão que levou o empresário a buscar e restaurar os primeiros modelos de
ônibus que marcaram a trajetória de ambas as empresas. “Gosto muito de ônibus,
é a minha vida. Por isso decidi dar um presente para Pouso Alegre, reunindo
veículos que marcaram a história da cidade”, conta o empresário, que mantém
ainda no acervo um Aero Willys 1963 e um Chevrolet Opala 1971, que quando
novos, foram usados por um médico e um gerente bancário conhecidos no
município.

A ideia, afirma Toninho, é até o fim do ano inaugurar um museu com os veículos
num galpão que fica dentro da garagem da empresa em Pouso Alegre. “Vou colocar
uma plaquinha contando a história de cada veículo”, antecipa. Outros três
ônibus Mercedes-Benz, monoblocos O-326, O-355 e O-364, estão sendo reformados e
deverão ser incorporados ao acervo. Enquanto eles não ficam prontos, Veículos
ouviu a história de cada um dos ônibus restaurados.

Jardineira
GMC 1952
(foto)

Exatamente igual à primeira jardineira da Cipatur, o modelo norte-americano é
raro e na recuperação teve peças trazidas dos EUA. Ganhou pintura vinho, como
nos atuais ônibus da Gardênia, mas conserva bagageiro no teto e escada
traseira. Fica exposta na rodoviária de Pouso Alegre durante o Natal, com
direito a boneco de Papai Noel.
Gard%C3%AAnia

Lotação Grassi 1962

Modelo
é igualmente raro, também participou do início da Cipatur e foi usado no
transporte coletivo do município até 1982. Alguns anos atrás, foi recuperado
pela Gardênia e voltou a ostentar a pintura original, em tons de azul e amarelo


Lotação
Metropolitana 1964


Toninho
dirigiu uma lotação igual a esta por dois anos, levando trabalhadores para a
construção da fábrica da Alpargatas na cidade. Nesse serviço operavam de cinco
a seis lotações da empresa. Este modelo foi comprado em 1971 na concessionária
Guanabara Diesel, no Rio de Janeiro

Mercedes-Benz
O-321 HL 1966


Primeiro
ônibus zero quilômetro da frota da Gardênia, o modelo era um luxo para a época
e foi encontrado transportando trabalhadores rurais no interior de São Paulo.
De construção monobloco, tem motor traseiro, poltronas envolventes e toalete a
bordo. O design era inspirado nos modelos alemães, com faróis de milha e
calotas cromadas


Nicola 1969

Foi
adquirido na época com a finalidade de operar um fretamento, sendo o segundo
ônibus zero quilômetro da Gardênia. A pintura azul-escuro era uma
característica dos rodoviários que operavam esse tipo de serviço na empresa.
Duas poltronas montadas ao lado do motorista e corrimão no teto são peculiaridades
do antecessor dos Marcopolo


Mercedes-Benz
O-371 RS 1992



O
último ônibus a ser incorporado chegou ao acervo por acaso, pois veio de uma
empresa de Itatiba (SP), que pertencia ao grupo. Por indicação de Zé Português,
encarregado da garagem de Pouso Alegre, recebeu a pintura que marcou a frota da
Gardênia nos anos 1990, período em que foi produzido.
Gardenia1

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