A História dos ônibus em João Pessoa – Parte IV

Fonte: Portal Ônibus Paraibanos Matéria / Texto: Kristofer Oliveira Fotos: Acervo Paraíba Bus Team Continuando a série das postagens históricas, esta é a quarta e última parte dos anos 2000 a 2011. ...

Fonte:
Portal Ônibus Paraibanos

Matéria
/ Texto: Kristofer Oliveira

Fotos:
Acervo Paraíba Bus Team

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Continuando
a série das postagens históricas, esta é a quarta e última parte dos anos 2000
a 2011.

Integração
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Após
a construção do primeiro terminal de integração na segunda parte dos anos 90 no
Valentina, João Pessoa ganhou em 2005 nos primeiros meses do governo municipal
do Ricardo Coutinho mais um terminal, construído no bairro do Varadouro, que
foi responsável pela mudança da rotina dos usuários de ônibus. Se antes o custo
para se deslocar dentro da cidade era maior, a partir de então os usuários
passaram a economizar cerca de 50% do valor desembolsado por mês para esta
finalidade. Vindo de quaisquer bairros da cidade o usuário pode descer neste
terminal e pegar outro ônibus para diversos destinos pagando apenas uma
passagem, e ao retornar para casa, da mesma forma. Em 2010, o bairro do Colinas
do Sul também ganhou um terminal nessa modalidade. Não são todas as linhas que
entram nesses terminais, o usuário tem que ficar atento quanto a isso.

A
construção da integração do Varadouro foi importantíssima, pois, além de ser
sido marcante inicialmente como cumprimento do direito de ir e vir para
determinados fins, a exemplo de ir à praia e ao cinema, deu uma valorizada na
área do terminal rodoviário que outrora tinha ares sombrios mediante comércio
de produtos psicodélicos (para não dizer maconha, crack, cola de sapateiro e
outros tóxicos) e da prostituição infanto-juvenil, sem precisar citar que o
local era muito perigoso.  
Colinas
Terminal de Integração do Colinas do Sul
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Terminal de Integração do Valentina
Bilhetagem
eletrônica / Vale de papel
O vale-transporte
e o passe-estudantil estavam presentes desde os anos 70, sendo esta a fonte
mais antiga que encontrei a respeito nos documentos que consultei. Era
praticamente uma segunda moeda local, tendo sua real finalidade desviada para
outros fins (entre 1996 e 1998 quando eu estava no fundamental II e a passagem
custava R$ 0,50, trocava o vale-transporte por coxinha e baré de tutti-frutti
na cantina da escola,hehehe).
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Passe Estudantil de 2001

Entre
2002 e 2007 houve uma proliferação na comercialização no centro pessoense dessas
passagens, tendo inclusive vários lotes falsificados, gerando um grande
prejuízo as empresas operadoras e as entidades envolventes, uma vez que
impostos deixavam de serem recolhidos e o dinheiro era injetado na
clandestinidade, servindo para financiar só Deus sabe o quê. O preço desses
vales e passes comercializados por ambulantes eram inferiores R$ 0,10 centavos
ao preço real da passagem. Vários estudantes eram assediados nas portas onde a
AETC/JP comercializavam as passagens por uma simples razão: nem todos
utilizavam as 120 passagens mensais que tinham direito.
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Passe Estudantil de 2005

A
partir de 2006, após um estudo de modernização na cobrança das passagens e a
Empresa 1 ter sido a escolhida , os validadores da bilhetagem eletrônica
começaram a serem instaladas nos ônibus pessoenses. E a partir de 2007, a nova
forma de cobrar a passagem passou a vigorar. Em meados de maio~junho de 2007, o
vale e passe de papel deixou de existir após um prazo dado pela a AETC/JP para
que os usuários adquirissem os cartões e efetuassem as trocas dessas passagens
de papel por créditos. E assim, a moeda paralela deixou de existir.
Essa
bilhetagem eletrônica funciona da seguinte forma: o usuário aproxima o cartão
no validador da bilhetagem que em frações de segundos a central lê as
informações contidas no chip do cartão e libera a catraca. O cartão é
comercializado e recarregado nos terminais da AETC/JP. Existem três tipos de
cartões: Vale Transporte (emitidos pelas empresas aos seus funcionários); Vale
Cidadão (para usuários comuns); Vale Estudantil (para estudantes, que tem
abatimento de 50% do valor da passagem).
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A
partir de 2011 mais uma novidade veio para facilitar a recarga e evitar filas
nas centrais: a recarga online dos cartões. Maiores informações, vejam o sítio
abaixo:
João
Pessoa foi a 3ª cidade da RM a aderir à bilhetagem eletrônica, após Cabedelo e
Santa Rita, respectivamente.
Integração
Temporal Municipal e Metropolitana.
Em
2008, após a consolidação da bilhetagem eletrônica e do Terminal de Integração
do Varadouro, mais uma opção para efetuar a integração sem a necessidade de
seguir até os terminais de integração passou a vigorar, sendo mais prático e
economizando mais tempo. É possível descer em determinados pontos da cidade
onde duas linhas com destinos distintos se cruzam e fazer a integração com o
cartão da bilhetagem eletrônica dentro de um tempo médio de 30 minutos.
Quanto
a Metropolitana, os ônibus de João Pessoa, Cabedelo, Conde, Bayeux e Santa Rita
podem se integrar na mesma forma da municipal, com apenas uma diferença: é
cobrado o valor de 50% da passagem no ônibus que for integrar. Opção também
válida apenas com o cartão da bilhetagem eletrônica. A partir desse momento, a
bilhetagem eletrônica da RM foi padronizada seguindo o modelo pessoense, sendo
possível pagar a passagem com o cartão em qualquer ônibus das cinco cidades
citadas, incluindo a linha JoãoPessoa x Lucena, operada pela Santa Rita. O
grande problema é na linha 5301 – Conde, da Santa Maria, em que a bilhetagem da
“herança maldita” da BV ainda permanece, sendo um tanto confuso entre os
usuários, que tem que pegar um cartão na saída do Terminal de Integração do
Varadouro, e do ônibus quando for entrar nessa integração.
Problemas
e melhorias na frota e no si
stema
Falar
dos primeiros anos dessa nova década é falar de estabilidade. Quem acompanhou
estas postagens desde os anos 70 até o momento, deve ter percebido que desde
quando o Plano Real foi implantado o Brasil passou a ter um momento de
estabilidade, coisa que não acontecia a tempo. As crises econômicas em 1998 e
em 2002 na eleição presidencial cujo real valia quase $ 4,00 dólares foram
fichinhas comparados aos momentos trágicos com as hiper-inflações nos anos 70,
80 e início dos anos 90 que culminaram em grandes greves e revoltas populares.
Quanto à última crise mundial, o Brasil se manteve forte. E no momento,
enquanto que as grandes economias do mundo apresentam problemas, nunca se
consumiu tanto nesse país, e o Real vai bem, obrigado. Mas se tratando de
Brasil, nada é perfeito, ainda mais quando existe politicagem por trás das
cartadas.
Nos
anos 60, na ditadura militar, o Brasil assinou um acordo com os EUA se
comprometendo a utilizar como os principais meios de transportes os veículos
motorizados, aumentando dessa forma, uma grande dependência dos combustíveis
fósseis, uma vez que até para construir estradas é necessário utilizar
derivados do petróleo. Assim, fiquei sabendo através de um Doutor em Geografia.
Daí o porquê dos ônibus em boa parte das grandes cidadesdo país ser o principal
meio de transporte.
Com
uma moeda relativamente forte e estável, somado a fatores sócio-culturais da
população, em que ter a própria condução passou a ser uma obrigação, ainda mais
quando o governo passou a incentivar esse tipo de consumo, baixando os impostos
relacionados. Daí o porquê as cidades, em especial João Pessoa, praticamente
travar nos horários de pico. Segundo dados do DETRAN local, cerca de 90 carros
novos entram em circulação por dia na capital paraibana. Somado a isso, com as
politicagens existentes no regimento dos sistemas de transportes, um
planejamento de mobilidade urbana em longo prazo praticamente não existe, pois
com os cargos comissionados mediante interesse político se torna algo difícil
de efetuar.
Essas
particularidades abordadas acima não são exclusivas dentro da Paraíba, apenas é
um reflexo de um país cujas ações políticas são mais interessantes se for de
forma paliativa, para corrigir momentaneamente tal problema e dizer
posteriormente “fui eu que fiz!” a fazer planos em longo prazo, para não correr
o risco de outro grupo adversário “cortar as fitas de inauguração”.
Resumindo…como
ponto negativo temos um sistema de transporte que relativamente, apesar de
tudo, é bom, mas que atualmente está em descrédito devido aos constantes
engarrafamentos que travam a cidade. As linhas estão atrasando bastante e
dependendo do lugar, os horários previstos não acontecem. Conseqüentemente,
temos vários ônibus lotadíssimos em determinadas linhas. Eu diria que o sistema
de transporte está sendo vítima desses engarrafamentos, pois não conseguem
cumprir os horários, causando grandes transtornos. Esse é um grande desafio
pessoense: reestruturar o sistema de transporte. Com isso, implantar BRT’s e
BRS’s é algo obrigatório para atrair mais usuários, e quem sabe, esses deixarem
os carros em casa. Outro fator negativo são os assaltos, em que em alguns
trechos os usuários não andam tranqüilos. Em 2004, por exemplo, teve dias no
Viaduto do Oitizeiro que foram doze ônibus assaltados no mesmo dia. Não há
câmera de segurança e policiamento que resolva a questão, uma vez que boa parte
dos larápios é menor de idade, que são amplamente amparados por nossa
legislação criminal vagabunda e obsoleta.
Entre
os pontos positivos, eu destaco o seguinte: as implantações dos planos de
modernização do sistema atual e as mudanças planejadas dentro desse cenário “em
curto prazo” foram eficientes, a exemplo da construção do Terminal de
Integração do Varadouro e da bilhetagem eletrônica. Outro ponto positivo é o
acordo da prefeitura municipal com as empresas de ônibus, em que a quantidade
de ônibus novos que entrarão por ano é planejada e divulgada.Tudo isso foi
possível graças ao cenário econômico favorável. As entregas oficiais da frota
passaram a ser um grande evento, se tornando uma grande atração para a
busologia paraibana.
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Entrega Oficial em abril de 2008
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Entrega Oficial em abril de 2009
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Entrega Oficial em janeiro de 2010
Infelizmente,
os preços dos combustíveis estão altos, e somando a isso, a falta de uma
política pública com incentivo fiscal para os transportes deixa as tarifas de
ônibus caras.