Nielson/Busscar: Entre 1971 e 2001, cresceu quase 4.000%

Fonte: Mobilidade em Foco Matéria / Texto: Carlos Alberto Ribeiro Fotos: Thiago Martins de Souza “A Busscar, em 2001, tinha encostado de vez, quanto a vendas, junto a líder de mercado, Marcopolo. A ...

Fonte: Mobilidade em Foco

Matéria / Texto: Carlos Alberto Ribeiro

Fotos: Thiago Martins de Souza

Nordeste

“A Busscar, em 2001, tinha encostado de vez, quanto a
vendas, junto a líder de mercado, Marcopolo. A Série El Buss, Jum Buss, Vissta
Buss, Panorâmico, eram produtos extremamente competitivos no mercado e
obrigaram a Marcopolo a substituir a Geração V e a lançar a G.6”.

A partir do ano de 1971 a FABUS passou
a registrar os números produzidos de carrocerias de ônibus de cada um dos seus
filiados, que passaram a ser auditados. Entre 1971 a 2001, num período de 30
anos, o acumulado da produção das encarroçadoras chegou a impressionantes
350.044 ônibus. Nesse total, estão unidades de todos os modelos, desde
minimicros, micros, urbanos, intermunicipais, rodoviários e trólebus.

Porém, ao longo desses 30 anos
presenciamos alguns insucessos que vitimaram alguns fabricantes de carrocerias
pra ônibus. Algumas fecharam definitivamente suas portas devido a falência
financeira e outras foram absorvidas por outras fabricantes. Entre as que não
existem mais estão a Eliziário, Thamco, Incasel, Nimbus, Cobrasma, apenas pra
citar algumas. E dos anos 90 para cá, a CMA, Tecnobus e a própria 2ª colocada
no ranking nacional durante anos e anos, a gigante Busscar. Há de se ressaltar
que a maior de todas, justamente a Mercedes-Benz do Brasil, fabricante de
chassis e de carroceria de ônibus ao mesmo tempo, também deixou de existir como
encarroçadora no ano de 1996.


A Mercedes-Benz é um caso a parte.
Iniciou sua produção no ano de 1958, produzindo chassis para encarroçamento por
terceiros e ao mesmo tempo ônibus completos, os famosos monoblocos, ou seja,
chassi e ônibus produzido pelo mesmo fabricante numa mesma planta industrial. O
seu domínio de mercado era tão grande que em 1977 produziu 3.886 unidades, o
que representava, na época, 42,96% do total produzido pelas empresas filiadas à
FABUS, que foi de 9.045 unidades. Um crescimento tão significativo, ano após
ano com números impressionantes, levou a Mercedes-Benz a instalar em Campinas a
maior e mais moderna fábrica de ônibus do mundo ocidental no ano de 1978. Já
nos anos 80, a Mercedes consolidou-se de vez em todos os segmentos onde
fornecia chassis pra ônibus, micros, médios e até pesados, com o lançamento no
final de 1984 do famoso O-370. Com esse monobloco, que se desdobrou ao longo
dos anos em O-371 e O-400, a fabricante de origem alemã ganhou participação de
mercado avassaladora, em frotas onde os seus chassis pesados ou ônibus
monoblocos jamais tinham entrado.

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No entanto, 18 anos depois da
inauguração da maior fábrica do mundo, a Mercedes anuncia, no ano de 1996, a
descontinuidade da produção de seus ônibus monobloco. E o motivo? Produto caro
e falta de competitividade no mercado com produtos das encarroçadoras Busscar e
Marcopolo, com preços menores e produtos de excelente qualidade, sem contar a
ampla gama de possibilidades de configuração de modelos de carrocerias e do
salão de passageiros. Algo que a burocrática Mercedes não oferecia.

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A Comil, que antes era Incasel, produziu no ano de 1971
apenas 116 carrocerias pra ônibus. Em 2001, já sob o nome de Comil, alcançou a
performance de 1.821 unidades produzidas, nada mais nada menos do que 1.470% de
crescimento. Outra tradicional fabricante, de longa data, das “antigas”, como
se diz no jargão popular, é a Ciferal, que passou por diversas crises. A maior
de todas foi no início dos anos 80, que a levou à falência e o fechamento da
fábrica. Três anos depois, em 1984, um pool de empresários, e tendo como
acionista o governo do Estado do Rio de Janeiro, assumiram o controle acionário
da Ciferal, pagando dívidas de curto prazo pendentes e reescalonando as de
médio e longo prazo, conseguindo assim, junto aos credores, o aval para reabrir
a fábrica e retomar a produção. Empresa saneada, que se mostrou economicamente
e plenamente viável, está forte e competitiva no mercado. Atualmente, a
encarroçadora gaúcha Marcopolo é a controladora e acionista majoritária da
Ciferal.

Em 1971 a Ciferal fabricou 861 carrocerias pra ônibus.
Em 2001, 30 anos depois, sua produção chegou a 2.661 unidades, revelando uma
taxa de crescimento de 209%. E devemos ressaltar a importância desses números
da Ciferal, pois a mesma somente produz carrocerias urbanas, minimicros e
micros. Não concorre no mercado de carrocerias pra veículos intermunicipais e rodoviários.

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A partir da falência da Ciferal, o seu
maior cliente no ano de 1981, a Cometa, passou a produzir suas próprias
carrocerias, criando a empresa CMA (Companhia Manufatureira Auxiliar),
fabricando carrocerias de ônibus por nove anos, de 1983 até 1992. Outra grande
afiliada da FABUS, a maior de todas até o ano 2000, a Caio Sul, considerada a
maior fabricante individual até 2000, com 85 mil ônibus fabricados, também
faliu. Sua “massa falida” foi alugada, então, pra Caio para produção de
carrocerias de ônibus urbanos.

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A Marcopolo, produziu em 1971, 637
carrocerias para ônibus. Em 2001 chegou a um total de 7.554 unidades, o que
representa crescimento de 1.086% na produção. E olha que em 1998 a Marcopolo
passou por uma forte crise financeira que quase a leva a ser concordatária.
Depois disso, conseguiu aporte de recursos necessários, parte oriundo do
próprio faturamento anual e parte fruto de empréstimos de médio e longo prazo.

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A Busscar, no período de 1971 a 2001,
cresceu 3.972% na produção de carrocerias de ônibus, ou seja, de 136 unidades
produzidas em 1971, fechou o ano de 2001 com uma produção total de 5.538
unidades. A partir de 1999, a Busscar investiu fortemente no processo de
internacionalização, com abertura de fábricas no exterior, aquisições de
fabricantes, joint-ventures e escritórios de representação. Mas a expansão
acelerada dos negócios, bem como compra de ações por parte de Rosita Nielson e
Cláudio Nielson (mãe e filho) de outros dois acionistas, levou a empresa a se
descapitalizar violentamente, passando por séria crise financeira.

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AS MAIORES ENCARROÇADORAS DE ÔNIBUS EM
1971


1ª) Ciferal: 861 ônibus produzidos. /
2ª) Marcopolo: 637 ônibus produzidos. / 3ª) Nielson: 136 ônibus produzidos. /
4ª) Incasel: 116 unidades produzidas.

AS MAIORES ENCARROÇADORAS DE ÔNIBUS EM
2001

1ª) Marcopolo: 7.554 ônibus
fabricados. / 2ª) Busscar: 5.538 ônibus fabricados. / 3ª) Ciferal: 2.661 ônibus
fabricados. / 4ª) Comil: 1.821 ônibus fabricados.

Obs.: A Ciferal que era a primeira em
1971, passou pra terceira em 2001. A Marcopolo que era a segunda colocada
passou a ser a primeira. Nielson em 1971, Busscar em 2001, de terceira passou a
ser a segunda. Hoje, não existe mais como empresa. Já a Incasel, quarta em
1971, já como Comil em 2001, manteve a mesma quarta colocação.
AS MAIORES TAXAS DE CRESCIMENTO ENTRE 1971 A 2001

1) Nielson / Busscar: 3.972%. / 2)
Marcopolo: 1.086%. / 3) Incasel / Comil: 1.470%. / 4) Ciferal: 209%.

Obs.: A Mercedes-Benz não consta em
nenhuma análise porque não há dados da produção de carrocerias (monoblocos) e
da produção de chassis, tanto em 1971 quanto no ano de 2001.

Agora, vejam o paradoxo. Busscar, em
2001, 3.972% de taxa de crescimento, se comparado com 1971. As outras
montadoras, SOMADAS (todas) = 2.765%. Resumindo, a Busscar cresceu, em 30 anos,
1.207% a mais do que a soma total das suas principais concorrentes. A Busscar,
em 2001, vivia uma situação ímpar, com abertura de fábricas e escritórios de
representação comercial em vários países, joint-ventures, acumulando, ano após ano,
recordes em exportação e em faturamento, deixou de existir em 2012. Faliu.

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A Busscar alcançaria a liderança de
mercado em 2002, era o que indicava todos os prognósticos de analistas. A
Busscar, que obrigou a Marcopolo a encerrar a fabricação dos ônibus da Geração
V, tendo de lançar e fazer significativo investimento pra lançar a Geração 6, a
Busscar que tinha aparato tecnológico e inovações que a Marcopolo não tinha,
por exemplo, sistema patenteado no Brasil do feixe de cabos condutores, do
sistema de iluminação nos corredores do salão de passageiros, junto aos pés das
poltronas, fazendo com que os passageiros conseguissem se deslocar com
segurança, de noite, quando o ônibus estava rodando e com as luzes de teto
apagadas. Também o ar condicionado e as janelas coladas dos Busscar eram
considerados produtos superiores, além das poltronas consideradas superiores as
da Marcopolo.


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