O painel de instrumentos do Flecha Azul

Fonte: Mobilidade em Foco Matéria / Texto: Carlos Alberto Ribeiro Foto: JC Barboza /  Divulgação O que é um painel de instrumentos? Bem, o painel de um ônibus agrupa instrumentos e botões de ...

Fonte:
Mobilidade em Foco

Matéria / Texto: Carlos Alberto Ribeiro
Foto: JC Barboza /  Divulgação
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O que é um painel de instrumentos? Bem, o painel de um ônibus agrupa
instrumentos e botões de comando que mostram informações como velocidade em
quilômetros por hora, temperatura do motor, rotação, temperatura do líquido de
arrefecimento, nível de combustível e inúmeras outras funções dispostas em
demonstradores analógicos e/ou digitais. Há alguns indicadores de informações
que são obrigatórios por força de normas regulamentadoras editadas pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Entre eles, por exemplo, está o velocímetro.


O painel reúne, geralmente, na parte central, defronte ao motorista, naquilo
que se chama cluster de instrumentos, os indicadores que registram valores e
quantidades. Valores, por exemplo, está a velocidade do ônibus. No item
quantidade podemos mensurar o total de combustível, expresso em litros,
existente no tanque. Nos demonstradores analógicos há um ponteiro que indica
valor numa escala numérica. Nos demonstradores digitais os dados são
visualizados em telas de LCD.

O velocímetro informa a velocidade do veículo automotor na unidade utilizada no
Brasil, quilômetros por hora. Em alguns países da Europa e nos Estados Unidos a
medição é feita em milhas por hora. Também é praxe a instalação de odômetro
junto com o velocímetro, sendo sua função mostrar a quilometragem já
percorrida, além do mesmo poder ser zerado a qualquer momento através de um
botão posicionado no próprio cluster. O conta-giros ou tacômetro tem como
finalidade demonstrar a rotação do motor, rotação por minuto (rpm). Instrumento
imprescindível para guiar o veículo na faixa de giros nominal do motor.

Também faz parte da relação de instrumentos o termômetro que indica a
temperatura do líquido de arrefecimento, servindo de aviso para situação de
super aquecimento causada por falha no sistema de refrigeração. Tanto pode
exibir o valor da temperatura em unidade numérica ou apenas marcações de
temperatura normal e temperatura alta. Há também o instrumento que demonstra a
quantidade de combustível disponível no tanque, luzes de sinalização e alerta
para o nível de carga da bateria, de pressão do óleo lubrificante, de freio de
estacionamento ativado, alerta de pressão do nível do óleo do freio de serviço,
alerta de nível de combustível baixo, indicador de faróis ligados, indicador de
farol alto ativado, indicador de desembaçador do parabrisa ligado, entre
outros.
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Todos ou parte desses instrumentos fazem parte do cluster e/ou estão dispostos
no console central. Nos anos 70 as informações disponíveis não tinham a fartura
dos dias de hoje. Todos os clusters de instrumentos tinham como fornecedor
quase que único a VDO. E eram dois, analógicos, formato redondo. Um era o
velocímetro e o outro reunia demonstradores da pressão do óleo lubrificante,
nível do tanque de combustível, temperatura do líquido de arrefecimento e luzes
espias de algumas funções, entre elas os piscas de direção e luz alta/luz
baixa. No ano de 1983 começou uma revolução. A Mercedes-Benz planejou o ônibus
O-370 e a CMA (companhia Mecânica/Manufatureira Auxiliar) o Flecha Azul.

Muita gente, cerca de 99%, tranquilamente, confunde o CMA Flecha com o
Dinossauro. O último era fabricado pela Ciferal. Embora a Cometa teve na sua
frota os Dinossauro entre os anos de 1973 a 1985, o CMA Flecha Azul era da
Cometa. E muito superior aos Dino. Embora parecido com o Ciferal Dinossauro,
este carro tinha nova estrutura que proporcionou considerável redução de peso,
nova distribuição das janelas para evitar a disposição de poltronas frente às
colunas, e o mais completo painel de ônibus já fabricado no Brasil até então,
com voltímetros, amperímetros, manômetros de óleo, ar e turbina, termômetros de
água e óleo, conta-giros, horímetro, tacógrafo e diversas luzes “espia”, além
de alarmes sonoros. Tratava-se do mais completo painel e cluster de
instrumentos disponível pra ônibus entre 1983 a 1994.

E em 1984 o CMA Flecha Azul teve algumas unidades equipadas com caixa de câmbio
automática, importada e fornecida pela Scania. Em 1990 foi ele também o
primeiro a rodar com a caixa de câmbio eletropneumática da Scania, Confort
Shift, manual. Em 1998 coube a ele ser o primeiro a rodar com a caixa
automatizada da montadora sueca, Opticruise. Sempre foi os CMA Flecha os
primeiros a testar novidades da Scania no tocante a chassis pra ônibus. Outra
liderança e pioneirismo incontestável da Viação Cometa foi a introdução, em
1956, de rádios transmissores Motorola VHF (Very High Frequency). Na década de 80
chegaram a 500 os ônibus CMA Flecha equipados com estações móveis, os populares
rádios amadores.

Somente a Cometa tinha estes equipamentos em larga escala nos seus ônibus. Para
auxiliar na comunicação, foram instaladas 65 estações fixas e oito repetidoras
ao longo das rotas e em algumas garagens. O sistema de rádio facilitava
chamadas de socorro em caso de acidentes ou problemas mecânicos numa época em
que não existiam telefones celulares e telefones fixos eram também raros.
Também ajudava sobremaneira saber onde o ônibus da empresa estava rodando no
caso de atraso na viagem, possibilitando ter informação exata em tempo real de
quando ele chegaria em determinada rodoviária. Somente a Cometa tinha tamanho
controle sobre sua frota. E foram utilizados nos CMA Flecha Azul até o ano de
1996.