Engerauto, da transformação de veículos ás carrocerias de ônibus

Fonte: Lexicar Fotos: Divulgação A Engerauto foi criada no final de 1983, como subsidiária da Companhia Santo Amaro de Automóveis, empresa fundada em 1959 e por muitos anos principal revendedora Ford ...
Fonte: Lexicar
Fotos: Divulgação

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A Engerauto foi criada no final de 1983, como subsidiária da Companhia Santo
Amaro de Automóveis, empresa fundada em 1959 e por muitos anos principal
revendedora Ford de São Paulo (SP) e uma das maiores do país. Com razão social
Engenharia e Comércio de Automóveis Ltda., a nova empresa tinha por objetivo a
fabricação de veículos especiais a partir da transformação de carros da marca Ford.

A
Engerauto não passou incólume pela abertura das importações iniciada na década
de 90. Com as vendas reduzidas a menos de 50 unidades mensais e dispondo de
nova fábrica ociosa em Tatuí (SP), a empresa buscou ajustar sua produção, quer
explorando melhor as possibilidades da picape leve Pampa, mais barata e com
menos concorrentes entre os importados, quer se voltando para o extremo oposto
e tentando penetrar num mercado insuspeitado – o das carrocerias de ônibus. Foi
assim que, em 1992, a empresa apresentou na Expobus seu primeiro ônibus urbano,
chamado Transport, para chassis Mercedes-Benz, Ford e Volkswagen com motor
dianteiro. Composta de estrutura tubular de aço galvanizado e revestida de
alumínio, tinha projeto original, diferindo fortemente da concorrência em
muitos aspectos: frente e traseira, alojando faróis e lanternas do VW Gol, eram
compostas de uma peça única de fibra de vidro; os para-brisas eram quase
planos; a grade, extremamente simples, também era moldada em fibra e pintada
nas cores da carroceria; o acesso aos órgãos mecânicos se dava por larga tampa,
abrangendo toda a dianteira inferior do carro, inclusive a grade.
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A
carroceria foi submetida à crítica de diversos operadores de transporte, que
sugeriram alterações. Depois de instalar linha de montagem independente na
fábrica de Tatuí (parte do corpo técnico era egresso da Thamco), o modelo
passou por uma revisão estrutural completa e foi relançado em abril de 1993, como Transport TR-2 (em
1995, Transport II), em versões de duas e três portas. O modelo apresentava
algumas diferenças com relação ao do ano anterior, especialmente no acabamento
interno e na dianteira, que assumiu estilo mais convencional (grade maior,
tampa de acesso ao motor mais estreita). Meses depois as janelas laterais
aumentaram de altura e o brake-light foi elevado em cerca de meio metro,
passando a situar-se abaixo do para-brisa traseiro.
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Os
planos da Engerauto eram ambiciosos e, embora a produção inicial fosse de dez
unidades mensais, a empresa pretendia vender mil carrocerias em 1994, 1/3 delas
para o mercado externo. Metas que, evidentemente, ficaram longe de serem
atingidas, iniciante que era num mercado instável e onde mesmo concorrentes
longamente estabelecidos em breve enfrentariam graves problemas (como a Caio,
em 1999, e a Busscar, em 2002). Ainda assim, sustentada
pelo forte Grupo Santo Amaro, a empresa persistiu por vários anos. Na Expobus
’94 mostrou um ônibus escolar para caminhão Ford B-12000, ao estilo dos
similares norte-americanos, com motor externo e, de forma pouco usual,
aproveitando o para-brisa e parte da cabina do caminhão. Avançando na
diversificação, em 1995 entrou no segmento de implementos rodoviários, para isto
inaugurando nova fábrica em Boituva (SP); seus primeiros produtos foram
“cegonhas” e semi-reboques de três eixos para carga seca. Em 1996 lançou seu
último ônibus – Thor –, um modelo urbano e intermunicipal totalmente novo, sem
personalidade própria, porém de estilo correto, absolutamente alinhado com os
líderes de venda da época.
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Foto: Vagno da Silva
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Foto: Anderson Lopes

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Em
paralelo com a construção de carrocerias de ônibus e caminhões, a Engerauto
manteve seus tradicionais serviços de transformação, embora já não tão
dedicados a veículos de lazer, mas principalmente a utilitários para serviços
públicos (ambulâncias, patrulhamento, concessionárias de eletricidade e
telefonia). A produção se manteve até a passagem do século, quando foi
interrompida. Durante seus quase 30 anos de vida, a empresa fabricou mais de
13.000 veículos. Engerauto é ainda hoje marca de propriedade da Cia. Santo
Amaro.