Terminal de Integração do Varadouro: Como está, não pode ficar

Fonte: Blog Josivandro Avelar Texto: Josivandro AvelarFotos: Paulo Rafael Viana/Kristofer Oliveira/Gilberto Costa Júnior/Thiago Martins de Souza/Josivandro Avelar   Na última semana um jornal de ...
Texto: Josivandro Avelar
Fotos: Paulo Rafael Viana/Kristofer Oliveira/Gilberto Costa Júnior/Thiago Martins de Souza/Josivandro Avelar

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Na última semana um jornal de grande circulação divulgou que “O Terminal de Integração do Varadouro será desativado”. Num mundo onde a manchete vale mais do que uma notícia completa, essa notícia logicamente causaria uma certa incerteza em quem usa o equipamento todos os dias. Aqui gostaria de esclarecer o que querem fazer e porque isso deve ser feito, uma vez que no local onde está, o Terminal de Integração do Varadouro não tem mais para onde crescer, bem como já não suporta mais a demanda cada vez mais crescente do sistema de transporte público de João Pessoa.
 O TIV não vai ser desativado. Só vai mudar de lugar
E o terreno que fica ao lado do Terminal Rodoviário é o mais ideal possível para isso, tanto que o projeto do novo terminal é destinado a ficar nessa área. Se o Terminal Urbano foi construído para servir de ponto de ônibus para as pessoas que descem de lá para ir justamente para a Rodoviária, porque não ficar ainda mais fácil para elas se saírem do terminal urbano para o rodoviário sem atravessar a rua e ainda mais em segurança? Pois o atual TIV não permite isso.

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As cabines de entrada e saída ficam numa calçada estreita, pura e simplesmente. Sem vazão para saídas nem tampouco filas para a entrada de passageiros. Fora o risco que o passageiro corre de ser assaltado ali, pois como todo mundo sabe, o terminal fica numa área delicada em termos de segurança pública. Quem passa do outro lado da grade sabe muito bem o receio que sente.

A incapacidade de lidar com a frequência dos ônibus
Outro problema do TIV que é causado pelo espaço limitado do terreno onde ele fica é esse: o de lidar com a frequência com a qual os ônibus passam.
O TIV possui 3 plataformas, e cada plataforma é dividida em 4 partes, e cada parte é distribuída para no máximo 4 linhas. Isso na teoria significa que o ônibus de uma linha deve parar exatamente onde lhe é determinado. Na prática, não é bem isso que acontece. Não por culpa do primeiro motorista que achou uma parada vazia. Não pela quantidade de passageiros que essa linha recebe, consumindo tempo que o ônibus fica parado na plataforma. Nada disso.

Vamos tomar como exemplo a parada destinada às linhas 601, 602, 603, 604, 2307 e 3207. Um ônibus da linha 601 chega no ponto, vai lá, abre a porta, os passageiros embarcam e desembarcam, ok. Só que no mesmo tempo, chega outro veículo, da linha 603. Faz a mesma coisa atrás desse carro do 601. Só que aí ele ocupa a parada que pertence as linhas 510, 511, 513 e 521. Chega um carro da linha 511. E o que acontece? Ele fica parado no meio da rua esperando um dos dois sair de lá. Atrás dele vem um 602 e fica também parado. Nenhum dos operadores dos ônibus das linhas 511 e 602 quer perder tempo. Ele faz o processo de embarque e desembarque no meio da pista mesmo. E quando um dos carros do 601 e 603 saírem de lá, depois de concluído o embarque, os dois que estão no meio da pista não podem mais esperar. Já tem que sair, pois também concluíram o embarque. Muitas vezes, elas terminam o embarque depois da saída dos ônibus que ocuparam as vagas, fazendo isso no meio da pista, submetendo os passageiros a riscos que certamente não são de atropelamento, pois nisso os motoristas de ônibus tem sido peritos em evitar maiores incidentes.

E acumule isso nas demais plataformas. O que temos é exatamente um congestionamento de ônibus. Tem carro que termina embarcando e desembarcando passageiro no meio da entrada do terminal. Os agentes da Semob controlam isso, mas sabem que isso na prática é impossível, uma vez que o carro fica parado por um bom tempo, e o passageiro tem pressa. Não é culpa do motorista que pára no meio da pista. Não é culpa do agente que tenta controlar. Eles não podem fazer milagre numa estrutura limitada como aquela.
E você já viu um terminal onde embarques e desembarques acontecem em plena pista? Pelo visto, só o Terminal de Integração consegue essa proeza. Nem os terminais de bairro de João Pessoa conseguem isso.
A estrutura limita até as manobras
Quem é motorista de ônibus sabe da dificuldade de fazer manobras no TIV. Não basta a organização falha, a impaciência de esperar o próximo carro sair da parada para ele passar, enfim, situações que são alheias a sua vontade.

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Não bastasse a estrutura limitada do terminal, a saída dos veículos do TIV é a mais bizarra possível. Todos os veículos sem exceção entram por uma entrada ampla, ok. Mas esse esforço vai para o espaço na saída, que é estreita e tem curvas muito fechadas. E não é só isso. Os ônibus das plataformas da esquerda e do meio do TIV tem que ficar parados à espera de quem for sair da plataforma da direita. O caso da plataforma esquerda é pior, já que ainda tem os que vão sair do meio.
E para veículos de grande porte isso é pior. O Terminal de Integração recebe ônibus articulados, que manobram com considerável dificuldade no local, além da própria questão da ocupação de espaço, que é de dois ônibus. E com a crescente necessidade de se investir em ônibus de maior capacidade em João Pessoa, é público e notório que a estrutura não consegue comportar mais do que os cinco ônibus articulados das linhas que passam na Integração. E ainda tentaram arremedar: cada linha que possui num articulado pára numa plataforma, que não recebe mais que dois ônibus articulados cada uma. E se receberem mais no futuro, como é que fica?
Pequeno até para quem dele depende
O Terminal de Integração quando foi inaugurado, deveria ter o máximo espaço possível para vazão de passageiros e áreas de suporte, ou seja, onde ficam comerciantes, Semob, Polícia… Mas num local apertado como aquele, nem sempre dá para ter todo o suporte assistencial à disposição.
Os boxes dos comerciantes são extremamente apertados e ficam jogados mais para trás, ou seja, você não encontra um box a cada 100 metros. Todos são concentrados. É ruim até para o comerciante trabalhar. Nota-se que os comércios cresceram no tamanho da vontade dos comerciantes, porque em espaço físico eles são exatamente os mesmos.

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A Polícia Militar possui um posto avançado no local, bem como a Guarda Municipal, que ocupa uma verdadeira caixa de fósforos ao lado desse posto policial. Há um posto de recargas dos cartões eletrônicos da AETC-JP. O local é muito procurado – afinal tendo um posto ali, quem vai para o do Terminal Rodoviário? – e isso acarreta em filas. E filas acarretam em mais perda de espaço no já limitado Terminal de Integração do Varadouro.
Nem os próprios seguranças do terminal e nem os fiscais da Semob possuem estrutura para trabalhar do lado de fora do Terminal. Tudo se resume em cadeiras de escritório que eles colocam por lá mesmo.
Falta de vazão para quem entra do lado de fora
A única entrada e saída do Terminal de Integração do Varadouro fica numa calçada estreita. Isso já mencionamos. Só esqueci de avisar que aquela é a única porta de entrada e saída do TIV.
A porta de saída foi transferida para próximo da faixa de pedestres do Terminal Rodoviário, numa forma de amenizar esses problemas. Mas as oito catracas de entrada ficam na calçada. Isso acarreta em filas num espaço que já não é amplo. Fazer fila significa bloquear a passagem dos pedestres. E ainda dividem espaço com ambulantes e alternativos chamando passageiros. Isso, é claro, quando o passageiro não é assaltado no local – e isso é uma coisa rotineira naquela calçada.
Imagine então para quem entra e sai do TIV carregado com malas de viagem? Pois já vi isso muito por lá.
A mudança é necessária
Já existe um projeto para a transferência do Terminal de Integração do Varadouro para uma área que, além de ampla, permite ainda ao passageiro de Bayeux, Cabedelo e Santa Rita usufruir desse equipamento. É lógico que os moradores dessas cidades desejam que as linhas de ônibus que os atendem tenham o mesmo direito que o morador de João Pessoa. A mudança de estrutura do Terminal de Integração vai permitir exatamente isso.

Permite ainda a ampliação do espaço de todos: ambulantes, Polícia, Semob, AETC. Um melhor aproveitamento do espaço subutilizado do Terminal Rodoviário, oferecendo comodidade a quem sai do Terminal para ir para a Rodoviária.

Permite ainda uma melhor vazão de saída e espaço para os ônibus independente de seu tamanho. Com a transferência do terminal, há espaço para uma pista de saída mais ampla desses ônibus.
Pode não ser a solução de todos os problemas de vazão de demanda do TIV, mas é o único modo do TIV crescer. Se formos acomodados como temos sido, a bomba uma hora vai explodir.

A mudança de local do TIV é necessária e precisa ser encarada sem receios. João Pessoa sozinha está chegando perto de 1 milhão de habitantes e precisa de um terminal central maior, mais amplo e estrategicamente localizado, como bem localizado é o Terminal Rodoviário da Capital. Melhor para os moradores, melhor para quem chega da Rodoviária, melhor para quem dele depende.
E é preciso ter pensamento de cidade grande nesse momento. Do jeito que está, não pode ficar.

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