Marcopolo pretende manter semana curta de trabalho por mais três meses

Fonte: Valor Econômico Foto: JC Barboza A fabricante de carrocerias Marcopolo vai propor aos funcionários a renovação da jornada reduzida de trabalho por mais três meses. O sistema foi implantado em ...
Fonte:
Valor Econômico
Foto: JC Barboza


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A fabricante de carrocerias Marcopolo vai propor
aos funcionários a renovação da jornada reduzida de trabalho por mais três
meses. O sistema foi implantado em junho e termina no fim deste mês, com a
redução de até seis dias de trabalho por mês. A proposta tem de ser votada
pelos trabalhadores e, se aceita, poderá ser adotada também de setembro a
novembro.

De acordo com o diretor de controladoria, finanças
e relações com os investidores, José Valiati, a obtenção da aprovação não
significa que a empresa vai necessariamente lançar mão de flexibilização. “Os
ajustes de mão de obra vêm sendo feitos de forma gradativa, respeitando a capacidade
de reação se o mercado voltar”, disse, durante encontro com analistas e
investidores para comentar os resultados do segundo trimestre.
 
A redução de jornada vem sendo utilizada desde
março, mas com outro modelo. Até maio, os dias não trabalhados eram colocados
num banco de horas, que seriam compensadas até outubro. Desde junho, a
flexibilização passou a seguir o modelo de descontar 50% das horas não
trabalhadas.
 
Os dados da Anfavea mostram queda de 27,8% na
produção de chassi, para 13,9 mil unidades no primeiro semestre. Embora tenha
operações em diversos países e conseguido crescer no mercado externo no segundo
trimestre, o mercado interno puxou a produção da Marcopolo para baixo. Apenas a
produção brasileira da empresa teve queda de 36%, para 4,393 mil unidades,
sendo que o mercado externo aumentou em 8,1% enquanto o mercado interno caiu
42,7%.
 
A empresa tem R$ 160,7 milhões em recebíveis do
governo federal, referentes ao faturamento de ônibus escolares no âmbito do
programa Caminho da Escola. A expectativa da empresa é que os valores sejam
quitados neste semestre. De acordo com o gerente financeiro e de relações com
os investidores, Thiago Deiro, cerca de 95% do montante são valores vencidos e
com pagamento atrasado. Uma parte pequena diz respeito a faturamento feitos
recentemente e no prazo para pagamento.
 
Ele contou que tanto o ritmo de pagamentos quanto o
de novas encomendas estão sendo afetadas pelo ajuste fiscal. “O governo não
está repassando o dinheiro conforme o orçamento”. Neste ano, não houve nenhum
novo leilão, apenas uma tomada de preços para 4,5 mil unidades em maio. Ainda
sim, o executivo não acredita que isso vá se traduzir em uma nova disputa. No
caso de um novo leilão ocorrer, Valiati afirmou que eles participaram, mas ressaltou
a necessidade de que a situação atual seja regularizada.
 
De acordo com o diretor, as principais
oportunidades que se apresentam no mercado doméstico são decorrentes das novas
regras apresentadas pela Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) para
linhas de ônibus interestaduais e internacionais, que limitam a 10 anos a idade
máxima dos veículos e exigem que a frota tenha até 5 anos de idade média. A
companhia prevê que um movimento de renovação de frota, portanto, deve ter
inicio entre o fim deste ano e início de 2016.
 
Além disso, as eleições municipais aparecem como
fator de expectativa para a Marcopolo, uma vez que, historicamente, o semestre
do pleito e os primeiros seis meses do mandato, segundo Valiati, são marcados
por aumento na demanda. Esse movimento, no entanto, está relacionado ao repasse
de tarifas do transporte. Como 2013 foi marcado por manifestações populares
para segurar o aumento da passagem, o diretor avalia que isso deve ser um ponto
de atenção das prefeituras. Novas licitações em andamento, como a da cidade de
São Paulo e Porto Alegre, diz, também são potenciais oportunidades para a
empresa.
Apesar desses possíveis respiros, Valiati diz que
as exportações são um dos principais focos que a Marcopolo deve assumir para os
próximos anos. Segundo ele, em períodos anteriores, em que o dólar esteve
favorável, o mercado externo respondeu por até metade da receita. Com a
desvalorização mais recente do real, a empresa espera fechar negócios em
mercados onde antes não era competitiva, como no Oriente Médio, que disputa com
a China. Alguns países da América Latina também aparecem como potenciais
destinos.


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