Texto / Fotos: Diego Almeida Araújo
A Viação Ouro e Prata, tradicional empresa Gaúcha, pertencente à família Fleck desde sua fundação, no ano de 2006 iniciou as operações de uma das linhas de maior extensão do país, Porto Alegre x Santarém. A linha tem um que de espírito empreendedor e desbravador, característica bem típica do povo gaúcho, que já de longa data explora linhas rumo ao interior das regiões norte, nordeste e centro-oeste do país, fomentados por pequenos e médios fazendeiros, procurando o rumo de novas rotas agrícolas e prosperidade para suas famílias.
A linha opera por 6 estados da nação (RS,SC,PR,MS,MT,PA) e possui praticamente 4.000km de extensão (3.993,3km) sendo 2.856,9 km asfaltados e 1.136,4 por estradas de chão. E essa é uma característica marcante da mesma, já que atende uma região ainda pouco explorada pelo homem e pouco atendida pelo governo, dado que o asfaltamento da BR 163 no trecho paraense se arrasta há anos, apesar de o desenvolvimento da região gritar por isso, seja pelas atividades locais, seja pelo escoamento da produção da soja do norte do Mato Grosso. O trecho off-road da linha, em boas condições, é operado em média de um pouco mais de 24 horas. Em condições adversas podem durar até 48h ou mais, dependendo de pontos de alagamento, atoleiros e acidentes. A parte de asfalto da linha habitualmente dura entre 48 e 50 horas.
Norte do Mato Grosso esse que era e é um dos principais focos de passageiros da linha, região já colonizada pelas famílias gaúchas, que hoje já vem e vão frequentemente, seja através de filhos que estudam no sul apesar de suas famílias estabelecidas no norte, seja ainda por novos e empreendedores aventureiros em busca de vida melhor. Belas cidades emergiram rapidamente na região, como Lucas do Rio Verde, Sinop e Peixoto de Azevedo.
A demanda da linha permite que, apesar de toda essa tamanha extensão, a mesma opere durante todo o ano com 02 horários diários partindo de Porto Alegre e de Santarém cumpridos de ponta a ponta, tendo horário de saída em POA as 06:30 e 12h, e partindo da cidade paraense as 6:30 e as 21:30. Em alta temporada, a linha chega à operar, segundo relatos de um agente de vendas da empresa, com até 20 horários diários. É realmente um fenômeno admirável.
A linha opera hoje em seu trecho de asfalto com veículos Marcopolo G6 e G7 1200 sobre chassis Mercedes-Benz O-500RSD, Euro 3 e Bluetec 5, em sua totalidade. A frota da empresa é quase em totalidade composta pelo conjunto Marcopolo+MB. Já no trecho de terra, a empresa hoje opera, em conjunto com a Tapajós (parágrafo abaixo), com veículos Viaggio g6 e g7 1050, sobre chassis MB OF-1721 euro 3, OF-1722M e OF-1724. Alguns desses veículos são equipados com guinchos motorizados adaptados em seus para-choques dianteiros, que em alguns casos também é adaptado à ser totalmente de ferro puro. A troca de veículos é hoje realizada em Guarantã do Norte-MT, último município margeado pela BR 163 no estado, e também o último trecho de asfalto pleno. Por diversos trechos acima, temos partes com asfalto totalmente pronto, porém a obra ainda possui vários pontos inacabados, em alguns lugares ainda sem sequer cortes de terra adequados.
A iniciativa da empresa deu tão certo que, rapidamente, ao começar a linha, adquiriu empresas regionais, sendo seu expoente a Tapajós. Essa tornou-se seu braço e elo junto à economia local, que em um ano de operação na região já se aventurou no transporte hidroviário, adquirindo uma empresa local que operava os trechos partindo de Santarém rumo à cidades e povoados da região. Hoje toda essa iniciativa é consolidada, e a linha que transporta mais de 200.000 passageiros/ano, além das linhas rodoviárias e hidroviárias já operadas pelo estado do Pará, atendendo diversos municípios como Itaituba, Rurópolis e Altamira. No último mês de setembro a empresa iniciou as suas operações rumo à Belém, tendo sido criada a linha Santarém x Belém, via Tucuruí. A empresa já almeja novos trechos no estado, como atender o sul do Pará, pelas cidades de Marabá, Parauapebas, São Félix do Xingu, Redenção, Xinguara e Santana do Araguaia através de futuras novas rotas.
Dedicado à João Henique Zöehler Lemos, Wagner Paula e Osias Lima e Silva.