De Portal Ônibus Paraibanos
Por Josivandro Avelar
Imagens Acervo Paraíba Bus Team
Se em 2016 as novidades da frota pessoense foram intensas, o mesmo se pode dizer também da própria estrutura das linhas. É esse jogo de xadrez que vamos mostrar nessa matéria da retrospectiva de 2016.
Fusões, transferências de terminal, novas linhas, alterações de toda natureza. O sistema pessoense mantém a sua fama de ser um jogo de xadrez, que se adapta conforme a população cresce.
Penha e Mangabeira: volte uma casa e refaça a jogada
O ano começou logo de cara com alteração em três linhas da Unitrans: as linhas 203, 2307 e 3207 foram fundidas, aliás, os carros da primeira foram distribuídos para as demais. Desse modo, as linhas 2307 e 3207 passariam a ter cada uma seis ônibus, com terminal no Quadramares. A linha 203 ainda não acabaria completamente, já que o tetéu rodava com esse número.
Até aí tudo bem, porém há um detalhe que não pegou bem: as linhas 2307 e 3207 são as da Penha, e com a alteração, ambas deixariam de passar no bairro, fazendo com que os moradores da comunidade precisassem usar a integracional 207 para irem até Mangabeira e daí integrarem com as demais linhas. Ou até esperar os primeiros horários da manhã, que é quando as linhas iniciavam viagem da Penha, isso até 8 da manhã. Depois disso, sem ônibus. Os moradores da Penha não gostaram nada da ideia.
O resultado: a alteração inicial durou só seis dias. Depois disso, a Unitrans voltou uma casa: as linhas 2307 e 3207 tiveram o itinerário da Penha restabelecido, bem como sua frota de dois ônibus cada uma. E refez a jogada: os quatro ônibus de cada linha que sobraram mantiveram o itinerário circular, porém rodariam com novas numerações: 2303 e 3203.
T de Tetéu
No meio do ano, as 12 linhas do Projeto Tetéu tiveram suas numerações alteradas. E só isso mesmo. A ideia era se adaptar ao sistema de GPS que estava sendo instalado nos ônibus do sistema pessoense, e com as numerações antigas, o sistema seria “enganado”, uma vez que as linhas fazem itinerários distintos do resto do dia.
Assim, 101 virou T001, 203 – que agora sim estava definitivamente extinta – virou T005, e assim sucessivamente até os números T011 e T012, as linhas circulares. As 12 linhas viraram 11 quando a T003, que atendia o Alto do Mateus, foi extinta e teve seu itinerário incorporado à T002, do Bairro das Indústrias.
102: Passando por cima
Outra alteração polêmica foi a da 102. A linha, que até então tinha o ponto final no Esplanada, seria fundida à linha A101-João Paulo II, iniciando viagem do terminal desta última. Desse modo, o ponto final do Esplanada estava extinto, e a 102, que saía vaga de lá, chegaria lotada ao Esplanada. Esse filme já foi visto em 2009, e a população do Esplanada não gostou nada.
A comunidade fez reuniões, protestos, tentou evitar o quanto pôde a alteração, mas a Unitrans bateu o pé e a fez. A empresa ainda renovou a frota com veículos zero quilômetro de modo à melhorar a imagem da empresa junto à comunidade, uma vez que a insatisfação dos moradores era pública e notória.
Lá vem a Penha de novo…
…E dessa vez a envolvida é a 207. A linha deixou de circular aos domingos e feriados; nesse dia a linha, que é integracional, roda como radial, via 2 de Fevereiro.
A Semob esclareceu na ocasião que os horários da linha seriam compensados com reforço na linha 2307-Penha/Rangel-Pedro II, o que não aconteceu. Eram dois ônibus a menos na Penha aos domingos.
508 no Quadramares
Ainda na Penha, a linha 508 – que roda como 507-Cabo Branco no letreiro – passou a rodar no Quadramares e Portal do Sol, rodando ainda em Jacarapé e tirando de circulação aos domingos e feriados outra integracional, a I007.
115 de mudança
Até então isolada num ponto final do Bairro das Indústrias, a 115-Distrito Industrial se juntou às linhas 104 e 1001 no ponto final do Loteamento Cidade Verde.
702: um ônibus para o Tiradentes
A linha 701 não cobre todo o Alto do Mateus. Por conta disso, a Semob criou a linha 702, que atende ao bairro via Acesso Oeste, mas com um percurso distinto, passando por áreas que a 701 não atende, como as comunidades Tiradentes e Santa Mônica.
Por outro lado, a linha só tem um único ônibus.
A invenção de uma nova categoria de linha: a circular alimentadora
Os moradores do Valentina esperavam desde à inauguração do Mangabeira Shopping uma linha que os levasse até lá. E ela chegou em dobro: nasciam as linhas 9901 e 9902.
As linhas, operadas respectivamente pela Santa Maria e Transnacional, inauguravam uma nova categoria de linha na cidade de João Pessoa: a circular alimentadora. A diferença de uma para outra está em Mangabeira: a primeira vai pela Josefa Taveira e volta por Mangabeira por Dentro, e a segunda faz exatamente o oposto. Até então, o Valentina ainda não tinha linha para Mangabeira por Dentro.
Falando em Valentina…
Todo ano sempre tem uma alteração diferente em alguma linha radial do Valentina. E dessa vez a vítima foi a linha 7120, que deixou de passar no Acesso Oeste, voltando a ser 120. Não bastasse isso, o terminal mudou, do Parque do Sol ao Muçu Magro. Na prática, a linha voltou a ser o que era quando foi criada pela segunda vez. Ou quase.
A linha não passaria pelo Terminal de Integração. Ou quase. A linha passa lá nos horários de pico, em horários restritos. Nos demais, não passa na Integração.
A intermunicipal que virou municipal
O Conjunto Renascer, em Cabedelo, fica próximo de João Pessoa e tem uma linha de ônibus que leva seus moradores até o Centro da capital. Até aí tudo bem, se não fosse intermunicipal. Como tal, a linha 5102 tinha barreiras tarifárias que impediam as integrações, e era só disso que os moradores precisaram. O que queriam era que a linha fosse promovida ao sistema municipal de João Pessoa, mesmo tendo ponto final em um bairro de Cabedelo.
O DER atendeu ao pedido dos moradores do Renascer e cedeu à Semob a linha 5102. Operada pela Reunidas, a linha passa a ser 522 e passa a rodar com a frota da Unitrans pertencente à empresa. Com isso, a linha passa a cobrar passagem de João Pessoa, além de se integrar com as demais linhas do sistema – e não cobrando mais a metade da passagem para isso. Além da melhor das vantagens para os moradores: a entrada da linha no Terminal de Integração do Varadouro.
A maior mudança de todas
Quem mora em João Pessoa passou praticamente a vida inteira vendo os ônibus passarem no anel interno da Lagoa. E várias vezes na sua vida já subiu e desceu de ônibus ali. Só que uma hora isso iria mudar, pois a cidade realizaria o sonho de ver a Lagoa como um ponto de lazer. Para isso, o anel interno teria de ser fechado.
E vimos isso acontecer diante de nossos olhos. Às 14:27 do dia 23 de janeiro de 2016, a Lagoa estava definitivamente fechada para tráfego. Só seis meses depois seria inaugurada como parque. A partir desse dia 23 de janeiro, eram inauguradas as novas paradas da Lagoa, já rente às lojas. Era com esse cenário que a população teria que se acostumar a partir de agora.
A adaptação não tem sido só flores. Em horários de pico, acontecem engarrafamentos no corredor. Alguns ajustes foram e estão sendo feitos, afinal, não há mais como voltar atrás.