Por Diário do Nordeste – João Lima Neto
Imagens Reprodução Instagram
A ausência de shows causada pela pandemia do coronavírus avança drasticamente na vida dos cantores de forró do Ceará. O comércio de bens conquistados com muitos shows começa a ser a saída para evitar o acúmulo de dívidas. A empresa responsável por gerir a carreira da cantora Kátia Cilene publicou no Instagram, na noite desta sexta-feira (12), a venda de dois ônibus usados em shows pela forrozeira.
“São dois carros revisados e prontos para rodar o Brasil. Segurança e conforto. O Busscar ano 2000, motor Mercedes o400 com 28 poltronas leitão. Outro Marcopolo Mercedes motor o500 , ano 2008”, diz o comunicado na rede social da produtora.
A coluna entrou em contato com o empresário de Kátia Cilene. Em nota, ele declarou: “os ônibus vão embora para pagar contas, e dar continuidade a vida”.
Kátia Cilene é uma das principais vozes do forró dos anos 1990. Na banda Mastruz com Leite, abriu portas para outras mulheres no mercado nacional do gênero nordestino. Em carreira solo, ela concentra a agenda em diversos estados da região Nordeste. No período do São João, a forrozeira é um dos nomes mais requisitados.
A situação da empresa de Kátia Cilene, assim como de outros artistas, reflete o forte impacto causado pela ausência de shows durante a pandemia — desde março de 2020. Para os adultos e jovens cearenses, fãs de forró, fica a responsabilidade de ficar em casa e cumprir os protocolos de saúde. Relatos de festas clandestinas com aglomerações são registradas mensalmente pelo poder público, o que dificulta ainda mais o retorno dos eventos.
Confira nota da produtora de Kátia Cilene:
“Ninguém se preparou para um ano parado. E ainda o que está por vir. A verdade é que 2021 não existirão eventos e normalidade. Somos a alegria das pessoas, a parte boa de levar felicidade em um momento de coração contrito durante tanta desgraça. Temos empatia pelo próximo e se doamos. Porém, o mesmo não tem pelo perder público, a exemplo o governo do Ceará e a prefeitura nos deram um parcelamento de um imposto que não existe para o setor de serviços , ICMS. Nossa maior carga é o ISS na prefeitura que ao contrário cobra multa, juros e encargos que chegam a 30%.
Precisamos enfrentar o que estar por vir e previmos de empatia do poder público e da iniciativa privada que poderia adotar artistas, bandas e tantos outros impactados através de patrocínios incentivados por impostos de cadeias em produção. A venda é apenas bens materiais que foram conquistados com suor, sonho e dignidade. A dignidade fica, os sonhos mudam e o suor se perde, os ônibus vão embora para pagar contas, e dar continuidade a vida. Nosso pedido é de olhar o próximo, incentivar, e não apedrejar, pois fomos os primeiros a parar e seremos os últimos a voltar. Mais estamos aqui sempre para subir ao palco e alegrar com o talento que Deus nos deu”.
Pacote de medidas para o setor de eventos
Em fevereiro deste ano, para amenizar os impactos da pandemia no setor de eventos, o governo do Ceará anunciou um pacote de ações de alívio. Foram estabelecidas a criação de um auxílio de R$ 1 mil direcionados aos profissionais da área, publicação de edital para eventos corporativos, extensão de prazo de pagamento do ICMS e isenção de IPVA e de taxas de equipamentos culturais.
As medidas anunciadas partiram de um conjunto de pleitos apresentados em conjunto pelas entidades representantes do setor de eventos do Estado, incluindo o Sindieventos-CE, a Associação Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape), o Visite o Ceará, a associação de cerimonialistas, e grupos de empresários de entretenimento.
Medidas de apoio:
1) Auxílio financeiro do Governo do Ceará para os profissionais do Setor de Eventos no valor de R$ 1.000, divididos em duas parcelas de R$ 500, mediante cadastro e critérios da Secretaria da Cultura (Secult). Segundo levantamento do Governo e dos sindicatos que representam esses segmentos, cerca de 10 mil profissionais serão beneficiados com essa medida, como músicos, humoristas, técnicos de som, luz e imagem, artistas circenses, as pessoas que trabalham nos bastidores dos eventos;
2) Lançamento de um edital no valor de R$ 4 milhões para eventos corporativos virtuais, voltadas para a produção de feiras, seminários, congressos, simpósios, exposições e congêneres.
3) Isenção do IPVA 2021 para veículos registrados em nome de empresas de eventos, e para até um carro que esteja no nome de profissionais autônomos ou microempreendedores individuais (MEI) formalizados, que atuem comprovadamente no ramo de eventos.
4) Parcelamento das dívidas de ICMS com o Estado do Ceará em até 60 meses (5 anos), com o objetivo de regularizar a situação fiscal de empresas do setor de eventos.
5) Quando liberados os eventos presenciais, os equipamentos públicos do Estado isentarão o pagamento de qualquer taxa ou aluguel por seis meses para os eventos ali sediados. Uma medida válida para empresas cearenses que poderão produzir e sediar seus eventos em locais como o Centro de Eventos, Theatro José de Alencar, Teatro Carlos Câmara, Cineteatro São Luiz, Centro Dragão do Mar