Prefeitura do Rio anuncia 500 novos ônibus para o BRT e portas de aço nas estações contra vandalismo

Consórcio que será eleito em licitação vai comprar os veículos e prefeitura pagará o investimento ao longo da concessão.
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Por O Dia – Gustavo Ribeiro e Jorge Costa
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JC Barboza / Daniel Castelo Branco

A reestruturação do transporte da cidade do Rio, que prepara novas licitações do BRT e da bilhetagem eletrônica, prevê melhorias a curto e médio prazo aos passageiros. A secretária municipal de Transportes, Maína Celidonio, antecipou ao DIA que 500 ônibus serão comprados para aumentar e renovar a frota dos corredores exclusivos. A previsão é que a licitação do BRT ocorra em dezembro e os veículos comecem a chegar em lotes em meados de 2022. A prefeitura promete ainda, até setembro, quando termina a intervenção, reformar estações quebradas e reabrir todas as que estão fechadas, incluindo as da Avenida Cesário de Melo, na Zona Oeste. As portas de vidro serão substituídas por aço para evitar calote e vandalismo, além de reduzir o calor, já que terão entradas de ar.

De acordo com a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), ainda não há uma quantidade de ônibus articulados confirmada para a chegada do primeiro lote, pois a ação está em estudo. Todos os corredores do BRT receberão a nova frota, além do Transbrasil, que tem previsão de inauguração entre o fim de 2022 e julho de 2023 na Avenida Brasil.

No sistema como um todo, incluindo a Transbrasil, por volta de 500 ônibus serão comprados. Vão ser vários lotes. A Transbrasil ainda não está pronta, então a ideia é que comecemos a licitação no final deste ano, e esperamos que no meio do ano que vem a nova frota comece a chegar. Então, primeiro os novos articulados vão entrar na Transcarioca, e em seguida na Transoeste. Não conseguimos entregar os 500 ônibus em seis meses, pois demoram, mas a ideia é que venham esses novos lotes e a gente vai retirando os mais antigos de circulação gradualmente”, explicou a secretária.

Maína Celidonio - Beth Santos / Prefeitura do Rio
Maína Celidonio Beth Santos / Prefeitura do Rio

De acordo com Maína, serão ônibus novos e em quantidade suficiente para a demanda. “Não vão ser mais ônibus quebrados, e isso já vai trazer muito mais qualidade ao sistema. A gente vai reabrir todas as estações e reformar as que forem necessárias. Estamos mudando a arquitetura da estação para serem mais conservadas. Nossa expectativa é tirar a porta de vidro, porque qualquer coisa ela quebra e ela é forçada irregularmente, e a reposição melhora. Será um sistema melhor. Mais ônibus, maior quantidade de ônibus novos, estações reformadas”, complementou a gestora. O modelo das estações contra calote e vandalismo é semelhante ao planejado para o Transbrasil, antecipado pelo DIA em 2019. Algumas paradas do Transcarioca já foram reformadas, como Olaria.

Serão realizadas duas licitações para o BRT. Uma delas para escolher o concessionário responsável por prover a frota e outra para selecionar os operadores. A licitação vai eleger um operador para cada corredor – são quatro ao todo -, evitando que a cidade dependa de uma só empresa. Com isso, se um consórcio não estiver atendendo às exigências do município, a prefeitura poderá rescindir o contrato e utilizar outro para aquele corredor. As companhias que atuam no sistema desde 2010 sairão de cena após a licitação.

“Teremos um concessionário específico para prover os ônibus. Se a gente tiver uma crise ou o operador não tiver dinheiro para comprar ônibus, não vamos ter esse problema. Normalmente essas concessionárias são empresas muito mais robustas, com mais capacidade de financiamento, muito menos sujeitas a uma crise que impacte em não entregar os ônibus. Vamos dizer que haja aumento da demanda, o país cresce, o Rio bomba, e aumente a demanda, a gente pode comprar mais um lote de ônibus”, ressaltou.

O modelo de licitação prevê que a concessionária compre os ônibus e a prefeitura pague uma espécie de “aluguel” para o uso dos veículos. A ideia é agilizar a compra, permitindo ao poder público um pagamento diluído do investimento ao longo da concessão. Em relação ao Transbrasil, a prefeitura trabalha com o prazo até julho de 2023, mas conta com a possibilidade de inaugurar em 2022.

‘Diretões’ de Santa Cruz serão os últimos a serem retirados

Desde o primeiro dia de intervenção no sistema BRT, foi determinada a oferta de ônibus comuns para complementar o corredor Transoeste, com a chegada dos chamados ‘diretões’. O número de veículos adicionais chegou a ultrapassar a marca de 80 unidades no final de maio e a medida foi bem recebida pela população, mas a prefeitura vem realizando a suspensão gradual das linhas emergenciais em função da recuperação da frota de articulados.

As linhas emergenciais Pingo D’Água e Mato Alto sentido Alvorada já foram suspensas. A respeito do assunto, a secretária Maína Celidonio explicou que o ideal é que estes veículos adicionais saiam de circulação à medida que os ônibus articulados retornem gradualmente.

Movimentação de passageiros no BRT aguardando a saída da linha emergencial no Mato Alto, em maio. Linha foi desativada - Daniel Castelo Branco
Movimentação de passageiros no BRT aguardando a saída da linha emergencial no Mato Alto, em maio. Linha foi desativada Daniel Castelo Branco

“O diretão foi uma ideia que ficamos muito felizes de viabilizar para trazer uma melhora no curtíssimo prazo. No primeiro dia de intervenção, já os mobilizamos para dar uma resposta à população em termos do que que poderíamos melhorar no serviço, mas a medida é apenas um paliativo enquanto não consertamos os ônibus articulados. Então conforme o número de BRTs tradicionais começa a aumentar, o ideal é se ater aos veículos próprios do sistema e retirar os extras”, explicou.

A secretária ressaltou que a linha emergencial de Santa Cruz será a última a sair do sistema e disse que a suspensão só será feita quando a maior parte da frota disponível estiver em circulação. Até esta quarta-feira estão operando 176 articulados. A meta da prefeitura é para os próximos três meses oferecer 243 veículos.

“O diretão representa um custo a mais para o sistema BRT. Então, à medida que olhamos um certo número de articulados suficientes para absorver a demanda, retiramos os veículos emergenciais. A população gostou do serviço, mas estamos seguindo com a recuperação. A ideia é restabelecer o serviço como ele era. O que sabemos é que a linha emergencial de Santa Cruz será a última a ser retirada, realmente quando tivermos quase a frota inteira já rodando”, afirmou.

Novo sistema vai ampliar formas de pagamento: cartão de crédito, celular e QR Code

Maína Celidonio antecipou que o edital da bilhetagem no transporte público será finalizado em julho e o processo licitatório começará em agosto. Ela mencionou que diversas mudanças serão adotadas no novo modelo de pagamento de passagens e destacou que não haverá reajuste da tarifa, até porque a prefeitura obedece a uma determinação do Ministério Público. A forma como as concessionárias recebem os recursos pode mudar.

A primeira coisa que estamos estabelecendo neste edital é a possibilidade de o usuário pagar a passagem por diversos meios de pagamento, que vão desde o bilhete comum já utilizado, até o uso de um cartão de crédito, pagamento por celular ou até mesmo QR Code. Será uma maior facilidade na hora do passageiro precisar pagar a tarifa”, explicou.

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A estratégia da prefeitura é preparar o próximo edital para que ele possa garantir maior capilaridade do sistema de recarga. Maína Celidonio explicou que o objetivo para os próximos anos é triplicar a capacidade de aumento da rede, através de novas alternativas de recargas do cartão e melhorias tecnológicas referentes ao Riocard.

Primeiro serão melhorias direcionadas para o usuário. A outra parte é criarmos um sistema pelo qual tenhamos total transparência e que sejam recebidos os dados online imediatamente da bilhetagem das passagens em conjunto com a localização de embarque do passageiro. Tendo os novos validadores com GPS dentro, conseguimos saber exatamente a posição do embarque. Isso é muito importante para o planejamento, para sabermos onde as pessoas demandam os ônibus. Isso vai nos ajudar bastante, além da integração de todos os modais do município. Estamos conversando com o Metrô e a Supervia para termos um cartão interoperável com os outros serviços”, afirmou.

A forma de remuneração do sistema também vai sofrer alterações. Hoje, as empresas são financiadas através do pagamento da tarifa feita por passageiros. A proposta da prefeitura para o próximo edital é tomar parte de toda a receita gerada pelas passagens e pagar às concessionárias por quilômetro rodado. Além disso, a taxa de administração que hoje é cobrada de maneira diferente a cada meio de transporte será uniformizada. “A Riocard tem um modelo diferente para cada demandante, dos ônibus é cobrado 2%, das vans é 6%, e queremos um valor uniforme para que todos paguem o mesmo custo de administração.”

A secretária explicou que não foi possível detectar se existem ou não fraudes no atual sistema de bilhetagem. Embora se refira ao sistema como uma “caixa-preta”, segundo ela, isso significa que falta transparência no modelo. “Gera uma desconfiança que torna qualquer política muito mais complicada, por exemplo, se oferecermos um subsídio, então as empresas informam um valor e a nossa oferta iria neste sentido, mas como eu teria certeza que realmente a receita é neste valor? Não tem como ter certeza (…) A ideia é ter uma nova concessionária de bilhetagem que tenha muito mais transparência, e resolver essa questão aludida da caixa-preta e da transparência, ponderou.

Restauração das estações

A Prefeitura do Rio informou, por meio da Equipe de Intervenção, que a estação Olaria foi a primeira das 46 estações inoperantes a ser devolvida aos passageiros após a Prefeitura assumir a gestão do BRT Rio, em março. As demais 45 (Cajueiros, Vendas de Varanda, Embrapa, Dom Bosco, Recanto das Garças, Guiomar Novaes, Benvindo de Novaes, Guignard, Gelson Fonseca, Golfe Olímpico, Cesarão I, Cesarão II, Cesarão III, Vila Paciência, Três Pontes, Cesarinho, 31 de Outubro, Julia Miguel, Parque de São Paulo, Cosmos, Icurana, Vilar Carioca, Inhoaíba, Ana Gonzaga, São Jorge, Pina Rangel, Gramado, Parque Esperança, Prefeito Alim Pedro, Candido Magalhães, Catedral do Recreio, Tapebuias, Outeiro Santo, Minha Praia, Olof Palme, Recanto das Palmeiras, Marambaia, Praça do Carmo, Ibiapina, Guaporé, Cardoso de Moraes, Pedro Taques, Divina Providência, Arroio Pavuna e Merck) serão reabertas até setembro.

Ainda de acordo com a pasta, todas receberão o novo conceito de segurança utilizado em Olaria, com a mudança dos pontos considerados frágeis no modelo anterior de estações, como, por exemplo, a substituição dos painéis e portas de vidro por chapas de ferro vazadas. Está em estudo a adoção do mesmo material também nas estações operantes. Existe planejamento, cronograma, logística e sequência de obras para a reabertura das estações que serão oportunamente divulgados.


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