Nos anos 1970, a Viação Itapemirim, uma das maiores empresas de transporte rodoviário do Brasil, anunciava com orgulho a inauguração de novas linhas ligando São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e importantes cidades da Paraíba, como João Pessoa, Campina Grande e Guarabira. Esse marco não apenas ampliava os serviços oferecidos pela empresa, mas também reforçava sua contribuição para a integração nacional em um momento de forte demanda por transporte rodoviário entre o Sudeste e o Nordeste.
A expansão incluía rotas estratégicas para o Nordeste, região que, até então, era atendida de forma limitada pelas grandes viações nacionais. Com a abertura dessas novas linhas, a Itapemirim passava a rodar mais 4.000 quilômetros diários, somando um total de 40.000 quilômetros por dia, o que, segundo a empresa, equivalia a “dar a volta ao mundo todos os dias”. A expansão das operações foi um reflexo direto do aumento do fluxo migratório de nordestinos para o Rio de Janeiro e São Paulo, grandes centros econômicos que atraíam trabalhadores em busca de oportunidades.
A chegada ao Nordeste: uma nova era para a Itapemirim
A entrada da Viação Itapemirim no mercado nordestino começou ainda na década de 1960. Em 1967, a empresa criou sua primeira rota ligando o Rio de Janeiro a Salvador, iniciando sua presença no Nordeste. Na década de 1970, a expansão foi acelerada, com novas linhas que conectavam Recife e Fortaleza ao Sudeste. Essas linhas eram cruciais para facilitar o deslocamento de pessoas que buscavam trabalho ou visitavam familiares em diferentes regiões do país.
A inauguração das linhas São Paulo-Rio-Recife, João Pessoa-Campina Grande-Guarabira, anunciada em publicações da época, marcou a consolidação das operações da Itapemirim na Paraíba e Pernambuco. Esse movimento foi uma resposta ao crescimento econômico e populacional das cidades nordestinas, além de atender à necessidade de uma conexão rodoviária eficiente entre o Sudeste e o Nordeste.
A empresa oferecia, à época, um serviço considerado de alta qualidade, com conforto e segurança, garantindo paradas a cada 300 quilômetros para apoio técnico e operacional. Os ônibus, modelos monoblocos da Mercedes-Benz, eram conhecidos pelo conforto e pelo desejo dos passageiros de “fazer outra viagem” logo após a chegada.
Itapemirim e as rotas paraibanas: Campina Grande e João Pessoa no mapa rodoviário
Entre os anos 1970 e 1980, a Itapemirim estabeleceu-se como uma das principais empresas rodoviárias a operar na Paraíba. As primeiras linhas lançadas pela companhia no estado ligavam Campina Grande a São Paulo e João Pessoa ao Rio de Janeiro, ambas inauguradas em 1970. Essas rotas eram de extrema importância para conectar os paraibanos às grandes metrópoles brasileiras e fortalecer a malha rodoviária entre o Nordeste e o Sudeste.
Além disso, a expansão das rotas para cidades como Guarabira se deu pela aquisição de empresas locais. Em 1979, a Itapemirim comprou da Viação Bonfim a linha Guarabira-Recife, fortalecendo sua presença no interior paraibano e oferecendo mais opções de deslocamento para os habitantes da região.
Essa estratégia de aquisição de empresas locais foi fundamental para a expansão da malha da Itapemirim no Nordeste. Rotas interestaduais originalmente operadas por empresas como Expresso Paraibano, Viação Bonfim, Viação Brasília, Viação Planalto e Expresso Cometa foram absorvidas pela gigante capixaba, consolidando sua presença em cidades como Patos, Itabaiana e Campina Grande.
- Guarabira x Rio de Janeiro e Guarabira X São Paulo – Expresso Paraibano
- João Pessoa x Rio de Janeiro e João Pessoa x São Paulo – Empresa Viação Bonfim
- Patos x Rio de Janeiro – Viação Brasília
- Campina Grande x Rio de Janeiro e Campina Grande X São Paulo – Viação Planalto de Campina Grande
- Itabaiana x Rio de Janeiro – Expresso Cometa
Integração nacional e legado
A expansão das linhas da Viação Itapemirim nos anos 1970 foi um marco importante na história do transporte rodoviário brasileiro. A empresa teve um papel crucial na integração nacional, ligando regiões distantes e atendendo à crescente demanda de passageiros que precisavam se deslocar entre o Nordeste e o Sudeste, seja por questões econômicas, seja para visitar familiares ou retornar à terra natal.
O anúncio da inauguração das linhas São Paulo-Rio-Recife e outras rotas nordestinas refletia o espírito de modernização e crescimento econômico da época. A Itapemirim, ao investir em conforto, segurança e eficiência, posicionou-se como uma das protagonistas do setor rodoviário, conectando milhares de pessoas todos os dias e contribuindo para o desenvolvimento do país.
Hoje, a história da Itapemirim, incluindo sua presença pioneira no Nordeste, permanece como um exemplo de inovação no transporte e de como a malha rodoviária pode ser uma ponte para o progresso e a integração entre as diversas regiões do Brasil.
Imagens: Acervo histórico Ônibus & Transporte
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