A indústria de transporte coletivo no Brasil tem dado sinais claros de recuperação, e os números divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus (FABUS) reforçam essa tendência. Em setembro de 2024, a produção de carrocerias de ônibus totalizou 2.114 unidades, uma leve diminuição em relação ao mês anterior, mas um aumento significativo em comparação com o mesmo período de 2023, quando a produção foi de 1.536 unidades. Este crescimento reflete a retomada do setor após os impactos da pandemia e os desafios econômicos enfrentados globalmente.
A Caio, líder no mercado nacional, produziu 737 carrocerias em setembro, consolidando sua posição como a maior fabricante do setor. A Marcopolo, com 689 unidades, mantém uma competição acirrada, especialmente no segmento de ônibus rodoviários, onde demonstrou forte desempenho. A produção total do mês, que inclui ônibus urbanos, micro-ônibus e rodoviários, ilustra as dinâmicas e as preferências do mercado brasileiro de transporte coletivo.
Liderança de Caio e Marcopolo: o duelo dos gigantes das carrocerias
A Caio e a Marcopolo dominam o mercado de carrocerias de ônibus no Brasil há anos, e os números de setembro de 2024 comprovam a continuidade dessa disputa. A Caio, com a produção de 737 unidades, lidera principalmente no segmento de ônibus urbanos, com 573 unidades fabricadas, respondendo pela maior parte da produção nacional nessa categoria.
Por outro lado, a Marcopolo, que produziu 48 carrocerias a menos (689) em relação à Caio, destacou-se no segmento rodoviário, com a produção de 382 carrocerias, liderando este mercado específico. Esses veículos, voltados para viagens de longas distâncias, são fundamentais para o turismo e o transporte interestadual, setores que também têm mostrado sinais de recuperação e crescimento. A Marcopolo continua sendo uma forte concorrente da Caio, tanto no mercado nacional quanto internacional.
Essa disputa entre as duas gigantes do setor mostra como o mercado de ônibus no Brasil está se diversificando. A Caio mantém sua dominância nos centros urbanos, enquanto a Marcopolo atrai clientes que operam em rotas rodoviárias de longas distâncias. A demanda por diferentes tipos de carrocerias — urbanas, rodoviárias e micro-ônibus — também está intimamente ligada ao desenvolvimento regional e às necessidades específicas de transporte em cada parte do país.
Desempenho por segmento: urbanos, micro-ônibus e rodoviários
Analisando os números de produção por segmento, as carrocerias de ônibus urbanos continuam a liderar a demanda. Em setembro, 875 unidades foram produzidas, com a Caio respondendo por 573 delas. Esse dado reforça a preferência por ônibus urbanos, usados principalmente no transporte coletivo de grandes cidades, onde a mobilidade urbana é um desafio constante.
Já a Marcopolo, com 190 carrocerias urbanas, ficou em segundo lugar, seguida pela Mascarello, que fabricou 103 ônibus para esse segmento, e a Comil, com apenas 9 unidades. A forte presença da Caio nesse mercado reflete a confiança das operadoras de transporte público na marca e no desempenho de seus veículos.
No segmento de micro-ônibus, que teve uma produção total de 555 unidades em setembro, a Caio mais uma vez se destacou, com 164 unidades fabricadas. Este tipo de veículo tem grande importância em áreas suburbanas e no transporte escolar, além de ser amplamente utilizado em rotas de curta distância. A Mascarello, com 139 unidades, e a Marcopolo, com 117 unidades, Neobus/Ciferal, com 102 unidades, Busscar, com 32 e Comil, com 1 unidade também demonstraram uma participação expressiva nesse mercado, que está em constante crescimento devido à demanda por soluções de mobilidade mais flexíveis e de menor custo.
O mercado de ônibus rodoviários foi liderado pela Marcopolo, que produziu 382 unidades em setembro. Esse segmento, que abrange veículos destinados a viagens interestaduais e de turismo, é considerado um termômetro do crescimento do turismo interno e da retomada do setor de viagens no Brasil. A Comil, com 119 unidades, e a Busscar, com 85 unidades, a Irizar, com 69 unidades e a Mascarello, com 16, completam o pódio no segmento rodoviário, embora ainda fiquem distantes da liderança da Marcopolo. No mês de setembro foram produzidas no total, 671 carrocerias para ônibus.
Comparação com desempenho anterior: leve queda em relação a agosto, mas crescimento anual expressivo
Apesar da leve queda na produção em setembro de 2024, com 40 unidades a menos em comparação a agosto (2.154 unidades), o desempenho anual da indústria de carrocerias de ônibus é amplamente positivo. A comparação com o mesmo período do ano passado é reveladora: em setembro de 2023, foram produzidas apenas 1.536 unidades, o que significa um aumento de 37,6% neste ano. Esse crescimento reflete a recuperação da demanda no mercado de transporte coletivo, que havia sido duramente afetado pela pandemia.
No acumulado de janeiro a setembro de 2024, foram produzidas 17.140 carrocerias de ônibus, um número que indica o reaquecimento do setor. A Marcopolo lidera o mercado, com 5.464 unidades fabricadas no ano, seguida de perto pela Caio, que produziu 5.161 unidades. A Mascarello, com 2.307 unidades, e a Neobus/Ciferal, com 1.480, a Comil com 1.175, a Busscar com 698 e a Irizar com 555 unidades, também têm participação significativa no mercado.
Percentualmente, os ônibus urbanos respondem por 40,62% da produção total de carrocerias até setembro de 2024, seguidos pelos ônibus rodoviários (29,77%) e micro-ônibus (28,98%). O segmento intermunicipal, por sua vez, representa apenas 0,62% da produção total, o que indica que ainda enfrenta desafios relacionados à demanda.
Exportações: uma válvula de escape para o setor
Além do mercado doméstico, as exportações continuam a desempenhar um papel fundamental para os fabricantes de ônibus no Brasil. Em setembro de 2024, foram exportadas 300 unidades, uma queda de 41 unidades em comparação a agosto. A Marcopolo, novamente, liderou as exportações, com 166 unidades enviadas para o exterior, seguida pela Irizar, que exportou 69 ônibus. Outros destaques incluem a Comil, com 27 unidades, a Mascarello, com 26 unidades, a Caio com 9 e a Busscar com 3 unidades.
No acumulado do ano, o setor exportou 2.109 unidades, consolidando o Brasil como um importante player no mercado internacional de transporte coletivo. A Marcopolo exportou 871 unidades entre janeiro e setembro de 2024, reafirmando sua liderança tanto no mercado nacional quanto internacional. A Irizar, especializada em ônibus rodoviários, aparece em segundo lugar nas exportações, com 544 unidades enviadas para fora do país.
Conclusão: perspectivas para o futuro
Os números de produção de setembro de 2024 refletem um setor em recuperação, mas que ainda enfrenta desafios, especialmente no que diz respeito à manutenção da demanda e à competitividade com o mercado internacional. A liderança da Caio no segmento urbano e da Marcopolo no rodoviário indica uma segmentação clara do mercado, com cada fabricante atendendo a necessidades específicas dos operadores de transporte.
Com a recuperação econômica em curso e a demanda por transporte coletivo crescendo, o setor de ônibus no Brasil tem perspectivas positivas para o futuro. A diversificação das exportações e o fortalecimento da produção interna são sinais de que o mercado de transporte coletivo pode continuar em crescimento nos próximos anos.
Veja os números:
Imagens: Adriano Marinho / Divulgação Transbraz / Divulgação Caio
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