Em um país de dimensões continentais como o Brasil, o transporte rodoviário de passageiros consolida-se como uma alternativa econômica, acessível e estratégica para a mobilidade. Um levantamento da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (ABRATI), com base em dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), revelou que, no primeiro semestre de 2024, as tarifas rodoviárias em viagens de curtas e médias distâncias chegaram a ser 90% mais baratas do que as aéreas para os mesmos destinos.
O estudo considerou trechos estratégicos com tempo de viagem de até 12 horas, destacando a eficiência do modal rodoviário em oferecer conforto, pontualidade e economia para os usuários. Além disso, reforça o papel complementar dos ônibus ao transporte aéreo, especialmente em um cenário de endividamento crescente da população brasileira.
Diferenças expressivas entre os modais
A rota São Paulo (SP) – Rio de Janeiro (RJ), uma das mais movimentadas do país, exemplifica a disparidade de preços: uma viagem de ônibus, com 6h25 de duração para percorrer 426,31 quilômetros, custou, em média, 92% menos do que o valor cobrado por companhias aéreas.

Outros trechos também apresentaram economia significativa. Entre o Rio de Janeiro e Vitória (ES), a economia alcançou 89% em um trajeto de 7h30 e 534,25 quilômetros. No Nordeste, a rota Natal (RN) – Fortaleza (CE), de 525,87 quilômetros e 8h55 de viagem, registrou uma diferença de 86%. O mesmo percentual foi observado no Sul, no percurso Curitiba (PR) – Caxias do Sul (RS), que cobre 605,48 quilômetros.
Além da economia direta, o transporte rodoviário oferece vantagens adicionais. Para passageiros que vivem longe de grandes centros urbanos, os ônibus eliminam a necessidade de deslocamentos longos até aeroportos, somados ao tempo de espera e embarque. Isso torna o modal mais conveniente para usuários de cidades menores.
Capilaridade como diferencial estratégico
A conselheira executiva da ABRATI, Letícia Pineschi, destaca que o transporte rodoviário cobre aproximadamente 90% das localidades brasileiras por meio de 205 empresas regulares. “São milhares de terminais que conectam até os locais mais remotos. Isso vale tanto para serviços de luxo, como leito e semileito, quanto para opções mais econômicas”, explica.

Essa capilaridade não é replicada pelo modal aéreo, que depende de uma infraestrutura limitada e concentra-se em grandes centros urbanos. Para Pineschi, a complementaridade entre os dois modais é essencial, mas o rodoviário se destaca por sua acessibilidade e flexibilidade.
Impacto econômico e geração de empregos
Além de beneficiar diretamente os passageiros, o transporte rodoviário tem relevância significativa para a economia. A atividade gera milhares de empregos diretos e indiretos, desde motoristas e equipes de manutenção até profissionais de tecnologia e colaboradores em terminais.
“De alguma forma, todos dependem dessa grande rede que faz o país se mover. O impacto econômico desta atividade é extremamente relevante, com injeção de recursos em diferentes níveis da economia, dos pequenos aos grandes centros urbanos”, afirma Pineschi.
A conselheira enfatiza que o setor é uma alternativa viável e confiável em um momento em que a população enfrenta desafios financeiros. “O transporte rodoviário não é apenas uma opção mais econômica, mas também uma solução que promove a inclusão, a conectividade e o desenvolvimento econômico.”
O estudo da ABRATI reforça a importância do transporte rodoviário como pilar da mobilidade no Brasil. Com tarifas acessíveis, ampla cobertura territorial e impacto econômico significativo, o modal consolida-se como uma alternativa estratégica para passageiros e uma peça-chave na integração do país.
Enquanto o transporte aéreo segue sendo essencial para viagens longas, os ônibus demonstram sua relevância ao oferecer uma experiência de qualidade, conectando cidades de forma acessível e sustentável. Essa combinação de vantagens torna o transporte rodoviário uma escolha cada vez mais atrativa para brasileiros que buscam mobilidade eficiente e econômica.
Imagens: Rodrigo Gomes / Flávio Oliveira / Júlio Barboza
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