Os motoristas do transporte coletivo de João Pessoa decidiram radicalizar e anunciaram que nenhum ônibus sairá das garagens das empresas nesta segunda-feira (27), marcando o início de uma greve já comunicada pela categoria. Apesar de uma determinação do Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região (TRT-13), que estabelece a manutenção de um percentual mínimo da frota em operação, os trabalhadores declararam que não vão permitir que os veículos circulem.
A principal reivindicação dos motoristas é um reajuste salarial de 15%, bem acima da proposta de 3% apresentada pelo Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros (Sintur-JP). Além disso, os trabalhadores exigem a reposição integral de benefícios que foram reduzidos ou retirados durante a pandemia de Covid-19. Antes da pandemia, o vale-alimentação era de R$ 600, mas foi reduzido para R$ 300 e, atualmente, é de R$ 440, valor considerado insuficiente pela categoria.
Outro ponto de insatisfação é a retirada de um pagamento adicional de R$ 300, que era concedido durante a pandemia aos motoristas que acumulavam a função de cobrador. Esse valor não foi retomado, gerando um sentimento de injustiça entre os trabalhadores. Atualmente, o salário médio de um motorista de transporte coletivo na capital é inferior a R$ 3.000, bem abaixo de dois salários mínimos.
A decisão pela greve foi consolidada após uma reunião entre os motoristas e o Sintur-JP, realizada no último dia 21, que terminou sem acordo. De acordo com o sindicato patronal, o setor enfrenta dificuldades financeiras e está longe de atender às demandas apresentadas pelos trabalhadores. Contudo, os motoristas consideram as perdas acumuladas durante os últimos anos inegociáveis.
A paralisação promete gerar um impacto significativo para os usuários do transporte público na capital, especialmente após o recente aumento na tarifa de ônibus, que passou de R$ 4,90 para R$ 5,20 no início deste mês. Segundo os motoristas, o reajuste no preço das passagens não trouxe reflexos positivos para os trabalhadores, acirrando ainda mais os ânimos no setor.
A categoria afirma que permanecerá mobilizada até que suas reivindicações sejam atendidas, enquanto a população de João Pessoa enfrenta a perspectiva de um colapso no transporte público a partir desta segunda-feira.
Imagens: Júlio Barboza
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