O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou nesta terça-feira (11) que não pode garantir que 50% da frota de ônibus da capital será elétrica até 2028. A meta fazia parte de uma lei de 2018, mas foi revogada por uma nova legislação sancionada neste ano. No entanto, a Justiça de São Paulo suspendeu os efeitos dessa alteração após uma ação do PSOL, reacendendo o debate sobre a eletrificação do transporte público.
“Não há como garantir”, diz Nunes
Segundo o prefeito, apesar dos esforços da administração municipal, há dificuldades para alcançar o percentual de ônibus elétricos previsto na legislação original.
“Da nossa parte, tudo aquilo que é necessário para avançar na substituição dos ônibus estamos fazendo. Mas não podemos garantir que será possível atingir 50% até 2028 devido a fatores como a falta de veículos por parte da indústria e a falta de infraestrutura elétrica fornecida pela Enel”, justificou Nunes.
A declaração veio após a Justiça conceder uma liminar suspendendo a nova legislação que retirava a meta intermediária de 2028 sem apresentar planejamento detalhado. Com isso, a lei anterior volta a valer, exigindo que metade da frota de ônibus seja elétrica até 2028 e 100% até 2038.
Enquanto Nunes menciona dificuldades na produção de ônibus elétricos, a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) afirma que a indústria tem capacidade de fabricar até 10 mil unidades por ano. O principal entrave, segundo a entidade, seria a infraestrutura para abastecimento dos veículos, e não a produção em si.
A Câmara Municipal, também ré na ação que levou à suspensão da nova lei, declarou que ainda não foi notificada da decisão e que recorrerá no momento adequado. O vereador Toninho Vespoli (PSOL), um dos articuladores da ação, celebrou a liminar, classificando-a como uma “vitória importante” contra a ampliação dos prazos para redução da emissão de poluentes.
O debate sobre a eletrificação da frota já havia ganhado destaque no final de 2023, quando vereadores tentaram estender para 2054 o prazo para que 100% dos ônibus fossem elétricos. A mudança foi revertida após pressão de ambientalistas e entidades do setor e agora, com a suspensão da nova lei e o impasse sobre a viabilidade das metas, o futuro do transporte sustentável em São Paulo segue indefinido.
Imagem: Reprodução/Eletra
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