Ameaças do tráfico forçam Viação VG a abandonar garagem em Vigário Geral

Após ameaças a funcionários, Viação VG transfere frota para a garagem da Viação Nossa Senhora de Lourdes, na Penha; mudança foi revelada primeiro pela BandNews FM em reportagem de Mariene Lino
Viação VG

A Viação Vigário Geral (VG) deixou de operar em sua sede, na Rua Valentim Magalhães, e passou a estacionar e manter seus ônibus na garagem da Viação Nossa Senhora de Lourdes, no bairro da Penha, também na Zona Norte do Rio. A decisão foi tomada depois que funcionários da empresa relataram ameaças de traficantes que controlam o Complexo de Israel, a cerca de 6,5 quilômetros de distância. A informação foi revelada pela BandNews FM e confirmada por fontes do setor de transporte na manhã desta segunda-feira (23).

Em nota enviada ao site, o sindicato Rio Ônibus afirmou que a VG “passou a enfrentar dificuldades operacionais por estar em uma área dominada por criminosos” e que, “para garantir a segurança dos colaboradores e a continuidade do serviço aos passageiros”, a Nossa Senhora de Lourdes — líder do Consórcio Internorte — cedeu sua estrutura para acomodar veículos e equipes da empresa vizinha.

Vigário Geral integra o Complexo de Israel, reduto do Terceiro Comando Puro (TCP), comandado por Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão. A facção trava uma guerra pelo território com o Comando Vermelho desde o início do ano, provocando tiroteios, paralisações de linhas de ônibus e bloqueios na Avenida Brasil.

A escalada de violência levou a Polícia Civil a desencadear, este mês, uma megaoperação que prendeu mais de 20 suspeitos ligados ao TCP e apreendeu fuzis, granadas e drones de uso tático. Mesmo assim, motoristas da VG relatam que circulam sob constante ameaça de interceptação por criminosos armados — situação que precipitou a mudança emergencial.

Risco para passageiros da Viação VG

Especialistas em segurança e mobilidade urbana ouvidos pela reportagem alertam que o deslocamento das operações não resolve, por si só, o problema da insegurança nas vias: “Se o trajeto continuar passando por áreas conflagradas, o risco de ataques permanece”, avalia o pesquisador Daniel Hirata, do Geni-UFF.

O que diz a prefeitura

A Secretaria Municipal de Transportes informou que monitora o impacto da mudança nos horários das linhas internas do Consórcio Internorte e que, até o momento, não houve queixas de atrasos significativos. Já a Secretaria de Estado da Polícia Militar declarou que mantém patrulhamento reforçado nos acessos à Penha e a Vigário Geral.

Próximos passos

A VG, que opera 14 linhas municipais e intermunicipais, pretende manter a frota na Penha “pelo tempo que for necessário”, segundo interlocutores da empresa. O Rio Ônibus conversa com as autoridades estaduais para viabilizar escoltas pontuais em horários críticos e garantir a segurança de trabalhadores e usuários.

Fontes: CNN Brasil e Band News
Imagem: Rafael Cota

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