A Prefeitura do Rio de Janeiro lançou, nesta sexta-feira (17/10), a licitação que dará início à renovação completa da frota de ônibus municipais. O novo sistema, batizado de RIO – Rede Integrada de Ônibus, definirá as empresas que passarão a operar o transporte público da capital fluminense.
A primeira fase da licitação contempla linhas da Zona Oeste, com foco inicial em Santa Cruz e Campo Grande, regiões que apresentam os maiores desafios operacionais. O edital completo e seus anexos estão disponíveis no portal da Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) e no Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP).
Planejamento antecipado e participação popular
O novo modelo de concessão é resultado de um acordo judicial firmado em abril de 2025 entre a Prefeitura, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e os quatro consórcios atualmente responsáveis pelas linhas municipais.
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Originalmente prevista para 2028, a licitação foi antecipada e redesenhada em cinco fases, permitindo uma implementação gradual e mais ágil. O processo contou com mais de 700 contribuições da sociedade, recebidas durante consulta pública realizada entre julho e agosto deste ano.
— O BRT foi um marco importante de recuperação para a cidade. Agora, avançaremos para uma mudança estrutural no sistema de ônibus regular. Vamos beneficiar milhões de passageiros por dia. É uma transformação profunda e gradual, começando pelas regiões que mais precisam — afirmou a secretária municipal de Transportes, Maína Celidonio.
Primeira etapa: R$ 577 milhões em investimentos
Nesta fase inicial, serão licitados três lotes operacionais — um em Santa Cruz e dois em Campo Grande — com investimentos estimados em R$ 577 milhões. As novas concessionárias serão responsáveis por:
- Aquisição e operação da frota;
- Manutenção dos veículos;
- Implantação e gestão de garagens públicas;
- Instalação de sistemas inteligentes de transporte (ITS), que permitirão o monitoramento em tempo real da operação e maior eficiência do serviço.
Cada lote contará com garagem pública própria, localizada na Estrada do Campinho (Campo Grande), equipada com oficinas, área administrativa, sistemas de abastecimento e estrutura completa de manutenção.
Aumento de frota e tecnologia Euro VI
O novo modelo prevê expansão significativa da frota em Campo Grande e Santa Cruz.
- Em Campo Grande, os ônibus interbairros passarão de 95 para cerca de 152 unidades, enquanto os veículos de ligações locais subirão de 37 para aproximadamente 160.
- Em Santa Cruz, a frota local aumentará de 67 para cerca de 216 ônibus.
A nova frota será composta por veículos com tecnologia Euro VI, reduzindo a emissão de poluentes. Todos contarão com ar-condicionado, piso baixo, rampa de acessibilidade, três portas e sistema de bilhetagem eletrônica exclusiva, eliminando o pagamento em dinheiro a bordo.
Remuneração por desempenho e transparência
As novas concessionárias serão remuneradas por quilômetro rodado, com subsídio público condicionado à qualidade do serviço. O desempenho será avaliado trimestralmente por meio do Índice de Desempenho de Transporte (IDT), que medirá indicadores como regularidade, conforto e satisfação dos usuários.
Empresas que atingirem notas abaixo dos padrões poderão ter a remuneração reduzida ou até perder a concessão de determinadas linhas.
Próximas fases da licitação
A reformulação completa do sistema será executada em cinco etapas, com cronograma dividido por regiões e prioridade para áreas com maior carência de oferta de transporte. A cidade será organizada em 34 lotes — 22 estruturais e 12 locais —, tornando a gestão mais descentralizada e eficiente.
Cronograma de implementação da nova rede RIO:
- Fase 1: até abril/2026 – Campo Grande e Santa Cruz
- Fase 2: novembro/2025 a setembro/2026 – Zona Oeste, Vila Isabel e Ilha do Governador
- Fase 3: abril/2026 a abril/2027 – Barra da Tijuca, Jacarepaguá e Zona Norte
- Fase 4: novembro/2026 a novembro/2027 – continuação na Zona Oeste e Zona Norte
- Fase Final: setembro/2027 a agosto/2028 – Zona Sul e demais regiões com melhor desempenho operacional
Atualmente, o desempenho das empresas é monitorado pelo Índice de Qualidade do Transporte (IQT), que considera regularidade, climatização, idade média da frota e satisfação dos passageiros. Linhas com pontuação inferior a 0,8 poderão ser transferidas a novos operadores ou assumidas diretamente pela Prefeitura.
Imagem: Divulgação Prefeitura do Rio
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