Um levantamento recente acendeu o alerta sobre possíveis fraudes no uso das gratuidades do cartão Jaé, novo sistema de bilhetagem digital do transporte municipal do Rio de Janeiro.
De acordo com informações divulgadas pelo RJ2 da TV Globo, o monitoramento aponta o uso irregular de cartões pertencentes a estudantes e idosos, em curtos intervalos de tempo e em diferentes linhas e bairros, sugerindo clonagem ou compartilhamento indevido.
Além disso, usuários também relataram o “sumiço” de saldos e créditos do cartão digital, o que reforçou as suspeitas de vulnerabilidades e manipulações indevidas no sistema.
Consórcios cobram medidas da Prefeitura
Os quatro consórcios que operam o sistema municipal de ônibus do Rio encaminharam pedido formal à Prefeitura, solicitando ações imediatas para coibir as irregularidades.
Segundo as empresas, as fraudes geram prejuízos milionários ao sistema de transporte e comprometem o equilíbrio econômico-financeiro das operações, já afetadas pela redução de demanda e pela alta dos custos de operação.
Em resposta, a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) afirmou que a identificação do uso indevido das gratuidades só se tornou possível graças ao novo sistema Jaé, que permite rastrear e cruzar dados de uso em tempo real.
A pasta destacou ainda que as mesmas práticas já ocorriam no antigo sistema RioCard, mas não havia tecnologia para detecção automática.
Com o novo modelo, a SMTR afirma conseguir adotar medidas preventivas com mais eficiência, tendo já bloqueado cerca de 6.850 gratuidades por suspeita de fraude.
Mais de 2,5 milhões de tentativas de fraude no Bilhete Único Intermunicipal
Enquanto o município reforça a fiscalização do Jaé, o Governo do Estado do Rio de Janeiro também enfrenta um volume expressivo de tentativas de uso irregular do Bilhete Único Intermunicipal (BUI).
Segundo a Secretaria de Estado de Transporte (Setrans), já foram registradas mais de 2,5 milhões de tentativas de uso fraudulento no sistema apenas em 2025.
Como resposta, o governo estadual iniciou a instalação de equipamentos de biometria facial nos validadores de cartões do metrô, tecnologia que já está presente em vans e ônibus intermunicipais.
A ferramenta compara a imagem do passageiro com o cadastro original e bloqueia automaticamente o cartão quando há divergência.
Somente em 2025, o Estado já bloqueou e cancelou mais de 85 mil cartões por uso indevido — uma ação que reforça o cerco contra fraudes e o compromisso com a integridade do benefício público.
Modernização e transparência
A adoção de sistemas inteligentes de bilhetagem — como o Jaé no âmbito municipal e o BUI no intermunicipal — representa uma mudança de paradigma na gestão da mobilidade.
A tecnologia amplia a capacidade de monitoramento, rastreabilidade e controle de gratuidades, reduzindo perdas e permitindo maior transparência no uso dos recursos públicos.
Tanto a Prefeitura quanto o Governo do Estado afirmam que continuarão investindo em tecnologias antifraude e em integração de dados entre modais, com o objetivo de proteger o passageiro, garantir a sustentabilidade do sistema e promover um transporte coletivo mais justo e confiável.
Imagem: Conrado Portella
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