O clima de insatisfação entre os rodoviários e as empresas de transporte público na Região Metropolitana do Recife (RMR), no Pernambuco, reacende a possibilidade de uma nova greve no setor. Segundo o Sindicato dos Rodoviários, empresas como Mobibrasil e Consórcio Recife estão sendo acusadas de descumprirem pontos da Convenção Coletiva de Trabalho, firmada em agosto deste ano na Justiça do Trabalho.
Entre as principais denúncias está a ausência do espelho de ponto detalhado e o não registro do tempo de deslocamento entre garagem e terminal, ambos garantidos como direitos na última negociação. Esses fatores foram determinantes para encerrar a greve anterior e são vistos como conquistas fundamentais pelos trabalhadores.
Nos próximos dias, o sindicato realizará assembleias em diferentes garagens e deve levar o caso novamente à Justiça ainda nesta terça-feira, 19.
A Urbana-PE, entidade responsável pela gestão das empresas de transporte coletivo da região, negou as acusações e garantiu que o acordo coletivo está sendo cumprido. Em nota, afirmou que os espelhos de ponto, incluindo os tempos de deslocamento e prestação de contas, estão sendo fornecidos conforme modelo validado pelo próprio sindicato.
“A Urbana-PE informa que não há descumprimento do acordo coletivo celebrado este ano com a categoria dos rodoviários. A entidade tem fornecido orientações às empresas associadas e monitorado a implementação dos pontos pactuados no referido acordo. Informamos ainda que os espelhos de ponto detalhados, contemplando os tempos de deslocamento garagem-terminal e de prestação de contas, estão sendo fornecidos conforme modelo validado pelo próprio Sindicato dos Rodoviários. A Urbana-PE também manifesta preocupação com a frequente ocorrência de paralisações ilegais promovidas nas garagens e terminais integrados. Apenas em 2024, as lideranças rodoviárias já realizaram 40 paralisações ou bloqueios de garagem ou terminal. Alertamos que esses atos recentes estão relacionados à campanha eleitoral para a escolha da nova diretoria do Sindicato dos Rodoviários, marcada para o início do mês de dezembro. As empresas estão avaliando as medidas cabíveis para prevenir novos episódios que possam comprometer o funcionamento regular do sistema de transporte por ônibus e causar prejuízos à população”, diz o comunicado.
A tensão no setor já começa a preocupar os usuários do transporte público, que temem a repetição dos transtornos enfrentados durante a última paralisação. A categoria considera que a inércia diante dessas irregularidades coloca em risco os direitos já conquistados pelos trabalhadores, além de afetar diretamente a qualidade do serviço prestado à população.
O secretário-geral do sindicato, Josival Costa, destacou que as denúncias não se restringem às duas empresas mencionadas, com relatos semelhantes vindos de outras regiões da RMR. “Essas medidas acordadas na Justiça precisam ser respeitadas. Estamos mobilizados e, caso essa situação persista, não descartamos a possibilidade de uma nova greve”, afirmou.
Imagem: Ígor Felipe
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