Fonte:
Automotive Business
Automotive Business
Texto:
Sueli Reis
Sueli Reis
Foto: Gustavo Bayde
A retração do cenário econômico brasileiro também
abalará o segmento de transporte de passageiros. A Marcopolo,
encarroçadora de chassis, estima que suas vendas de ônibus encolherão cerca de
30% este ano no País, para pouco mais de 10 mil unidades contra a 15,3 mil
produzidas em 2014.
“Seguramente, é a pior crise que estamos enfrentando no setor de ônibus nos
últimos 30 ou 40 anos”, desabafa Paulo Corso, diretor comercial, durante a
apresentação de cinco novos modelos urbanos e rodoviários realizada na
terça-feira, 7, em Caxias do Sul (RS).
Ainda sem os números oficialmente fechados, o executivo estima que no primeiro
semestre, a empresa registra queda de 27% das suas vendas com relação à
primeira metade do ano passado, para algo entre 3,8 a 4 mil unidades.
“Acreditamos que esta queda será ainda maior até o fim do ano devido ao
resultado do primeiro trimestre ter sido composto em parte por resquícios de
contratos ainda firmados no fim de 2014”, aponta.
Segundo os dados da empresa, sua participação no mercado de chassis de ônibus
está atualmente em 38% no segmento urbano e 60% no rodoviário. “Apesar de todo
esse cenário, conseguimos cair menos que o mercado geral no ônibus urbano, até
ganhando market share, que tradicionalmente é de 32% a 33%, em parte, por causa
da menor produção da Caio em São Paulo”, revela.
Para Corso, a crise atual é mais um desafio ao longo de seus mais de 30 anos de
trajetória na empresa, que mesmo com redução de jornadas de trabalho em suas
três fábricas no Brasil, mantém o cronograma de desenvolvimento e lançamentos.
“Ônibus no Brasil, na América Latina e principalmente em países mais pobres têm
largos anos de vendas, uma vez que esses mercados não têm recursos para
investir em outros modais mais caros, como transporte sobre trilhos. O ônibus é
uma solução mais imediata e viável, por isso acredito que nosso negócio voltará
a trazer resultado”.
Em 2014, o lucro líquido da Marcopolo já havia recuado 23% com relação ao ano
anterior, quando também houve retração das vendas. “Mesmo com toda essa
dificuldade, decidimos lançar produtos que não estavam na nossa carteira. Pode
até não vender agora, 2016 ou 2017, mas é certo que o mercado há de voltar e já
estamos nos preparando. É certo que a demora na volta do mercado vai provocar
um certo envelhecimento da frota, mas isso é positivo no longo prazo, porque
vai gerar a necessidade de compra no futuro.”
Para o segmento rodoviário, a empresa se anima ao compartilhar o anúncio da
Abrati (Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de
Passageiros) que planeja investir cerca de R$ 800 milhões após sair a
regulamentação das novas concessões para linhas intermunicipais.
“Acredito que em 2016, com eleições municipais e com os novos projetos de
infraestrutura do governo, nos leva a crer que deverá ser melhor que este ano”,
conclui.