Fonte:
Folha de São Paulo
Matéria
/ Texto: Juliana Coissi / André Uzêda
/ Texto: Juliana Coissi / André Uzêda
Foto: Kristofer Oliveira / Folha de São Paulo
A cada dia, em média, oito ônibus são
incendiados ou depredados nas 27 regiões metropolitanas das capitais.
incendiados ou depredados nas 27 regiões metropolitanas das capitais.
Levantamento da Folha com base em dados
de governos, prefeituras e sindicatos de empresas mostra que, do início de 2013
até ontem, 230 veículos de transporte coletivo foram queimados e outros 3.111,
depredados.
Nas capitais e no entorno, a motivação
para os atos de vandalismo é variada, como ações do crime organizado,
reivindicações específicas de moradores, protestos populares como os de junho
pelo valor da tarifa e até vandalismo em dias de jogo de futebol.
para os atos de vandalismo é variada, como ações do crime organizado,
reivindicações específicas de moradores, protestos populares como os de junho
pelo valor da tarifa e até vandalismo em dias de jogo de futebol.
O total de 3.341 ônibus representa uma
média de oito ataques a cada dia e de cerca de 255 por mês. O prejuízo chega a
no mínimo R$ 69 milhões, se considerados só os ônibus incendiados –um modelo
tradicional custa R$ 300 mil.
média de oito ataques a cada dia e de cerca de 255 por mês. O prejuízo chega a
no mínimo R$ 69 milhões, se considerados só os ônibus incendiados –um modelo
tradicional custa R$ 300 mil.
Já as consequências às vítimas não
podem ser contabilizadas. Um dos incêndios a ônibus no Maranhão, no início do
mês, resultou na morte de uma menina de seis anos e em quatros feridos.
podem ser contabilizadas. Um dos incêndios a ônibus no Maranhão, no início do
mês, resultou na morte de uma menina de seis anos e em quatros feridos.
Os atentados, diz o governo, foram
ordenados por criminosos presos no complexo penitenciário de Pedrinhas.
ordenados por criminosos presos no complexo penitenciário de Pedrinhas.
Apenas ontem, em Porto Alegre, 25
ônibus foram depredados durante a greve de motoristas e cobradores.
ônibus foram depredados durante a greve de motoristas e cobradores.
Em Santa Catarina, 97 suspeitos foram indiciados,
entre outras ações, sob suspeita de ataques a 43 ônibus no início de 2013. As
ordens partiram de uma facção criminosa.
entre outras ações, sob suspeita de ataques a 43 ônibus no início de 2013. As
ordens partiram de uma facção criminosa.
‘VITRINE’
Atacar um ônibus tornou-se vitrine para
manifestantes e criminosos, segundo Otávio Cunha, presidente-executivo do NTU,
associação nacional das empresas de ônibus.
manifestantes e criminosos, segundo Otávio Cunha, presidente-executivo do NTU,
associação nacional das empresas de ônibus.
“Houve um acréscimo [em 2013]. As
manifestações de junho acirraram os ânimos.”
manifestações de junho acirraram os ânimos.”
Para o professor Sérgio Adorno,
coordenador do Núcleo de Estudos de Violência da USP, os ataques não têm uma
causa única.
coordenador do Núcleo de Estudos de Violência da USP, os ataques não têm uma
causa única.
A morte de um jovem na favela, por
exemplo, pode ser mais um estopim do que uma causa para a ação.
exemplo, pode ser mais um estopim do que uma causa para a ação.
“Pode ter um sentimento de
insatisfação acumulada com as falhas no transporte e com o fato de o poder
público não cuidar do bairro”, afirma.
insatisfação acumulada com as falhas no transporte e com o fato de o poder
público não cuidar do bairro”, afirma.
Da mesma forma que em países como a
França, ataques a veículos podem ser reflexos de uma mudança na sociedade, diz
Adorno.
França, ataques a veículos podem ser reflexos de uma mudança na sociedade, diz
Adorno.
No caso do Brasil, seria fruto de uma
geração que, apesar de mais escolarizada e com mais poder de consumo, percebe
que não teve o melhor ensino possível e que, mesmo consumindo, não é
reconhecida pela sociedade.
geração que, apesar de mais escolarizada e com mais poder de consumo, percebe
que não teve o melhor ensino possível e que, mesmo consumindo, não é
reconhecida pela sociedade.