Uma parte da história contada em fotos: os frescões da São Silvestre

Empresa atuou no serviço executivo na capital carioca por 9 anos.
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A Transportes São Silvestre foi uma das empresas mais tradicionais que operaram no Rio de Janeiro. Iniciou suas operações em 1955 como uma empresa de lotações e atuou até dezembro de 2017, principalmente na zona sul carioca, mas já chegou a operar linhas na zona norte da cidade.

A empresa ficou conhecida por suas linhas circulares na zona sul do Rio, aliás, suas primeiras linhas de lotação em 1955 foram duas circulares: Glória – Leblon, via Jockey e Glória – Leblon, via Copacabana.

Mas pra quem não conheceu, a São Silvestre também atuou no serviço executivo do Rio de Janeiro, conhecido carinhosamente como “Frescão”, criado em 1973 através de um Decreto com o objetivo de atrair proprietários de carros particulares para um serviço mais confortável que os ônibus convencionais.

A empresa era a concessionária da Área 2 do serviço de linhas especiais, cobrindo os bairros da Gávea, Jardim Botânico, Botafogo, Urca, São Conrado e Laranjeiras.

Sao Silvestre 024 Ciferal Lider

Suas primeiras executivas surgiram no ano de 1975. A primeira no mês de março, a 2024 Castelo X Gávea com 12 ônibus rodoviários com ar-condicionado, poltronas reclináveis e tarifa de CR$ 5,00. A segunda veio em maio, a 2021 Praça Mauá – Laranjeiras e a terceira linha em novembro, a 2022 Castelo X Urca.

Em 1978, a empresa contava com 44 carros especiais com ar-condicionado em 4 linhas. Em novembro de 1978 as linhas executivas que a empresa operava eram as seguintes:

2021 – Rodoviária – Laranjeiras
2022 – Castelo – Urca
2023 – Rodoviária – Hotel Nacional (São Conrado)
2024 – Castelo – Hotel Nacional (São Conrado)

Em função do aumento das tarifas e perda do poder aquisitivo da população, em 1980 a frota foi diminuída para 33 carros em 3 linhas. Em 1981 foram desativados mais 5 ônibus, restando 28 em operação. Em 1982, as linhas funcionavam com 70% de capacidade ociosa.

1975 sao silvestre frescao

Em matéria de 17 de janeiro de 1982 do Jornal do Brasil, a empresa reclamava dos prejuízos que ela estava tendo com a operação dos linhas executivas.

Em setembro do ano passado, a empresa São Silvestre teve um faturamento real de CR$ 5.600.386,40 com 28 carros em circulação, segundo a diretoria. Seus custos operacionais neste mês chegaram a CR$ 9.104.759,82, fora as despesas administrativas, comerciais e financeiras que atingiram um total de CR$ 585.814,26. A empresa enfrentou um déficit real de CR$ 4.090.187,98.

Segundo do diretor financeiro da empresa São Silvestre, Antônio Barbosa, a compensação desse déficit vem do lucro que os os ônibus convencionais – conhecidos popularmente como quentões – tiveram meses normais chegam a Cr$ 8 milhões Para demonstrar que os frescões operam apenas com o aproveita mento de 30%. a diretoria da empresa infor mou que no dia 23 de dezembro — dia considerado de bom movimento de passageiro, pois é época de compra – a empresa transportou 3.303 passageiros quando poderia transportar em suas três linhas, 6.105 passageiros.

Em 1982 a linha 2021, que mudou de Rodoviária X Laranjeiras para Praça Mauá X Cosme Velho, é extinta, após a chegada do Metrô no bairro Botafogo, em 1981. Ainda em 1982, a linha 2023, foi reativada. No ano seguinte a linha é extinta por falta de passageiros

Sao Silvestre 013 Marcopolo II

Em 1984, em função do empobrecimento da classe média, foram extintas as duas últimas linhas executivas da São Silvestre, a 2022 e a 2024.

Com informações de: Memória 7311 / Tarifa alta afasta passageiro. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro. 17 janeiro 1982. p.18.
Imagens: Donald Hudson / Paulão