Rodovias mineiras: as mais letais do Brasil 

Rodovias mineiras lideram o ranking nacional de sinistros com vítimas fatais, com 794 mortes, representando 13% do total no país
Rodovias mineiras

Os dados divulgados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em janeiro de 2025, apontam que o estado de Minas Gerais lidera o ranking nacional de sinistros com vítimas fatais, com 794 mortes, representando 13% do total no país, seguido por Bahia (614 óbitos, 10%) e Paraná (607 óbitos, 10%). O aumento de 9% nos acidentes fatais em relação a 2023, quando ocorreram 726 óbitos, reforça a urgência de ações efetivas. As rodovias mineiras BR-116, BR-381 e BR-040 concentram juntas, 60% das mortes no estado de Minas Gerais – BR 116 com 190 mortes (24%), seguido da BR 381 com 169 óbitos (21%) e BR 40, com 122 (15%). 

BR-116: Rodovia do Aço 

Os dados da PRF sobre a BR-116 em Minas Gerais apontam a colisão frontal como a principal responsável por mortes na rodovia, somando 60 vítimas, com destaque para causas como transitar na contramão (43%) e ultrapassagens indevidas (18%). Em seguida, a colisão lateral em sentido oposto, com 52 mortes, é atribuída, em 71% dos casos, à carga excessiva ou mal acondicionada. Já a saída de pista, terceira na lista, resultou em 19 óbitos, representando uma em cada quatro mortes. 

Além disso, o município de Teófilo Otoni lidera o ranking de acidentes fatais, com 48 mortes (25%), seguido de Leopoldina, com 15 (8%), e Manhuaçu, com 12 (6%). Juntas, essas cidades concentram quase 40% dos óbitos na rodovia, o que reforça a necessidade de ações específicas para esses trechos críticos.  

O Ministério dos Transportes, por meio da ANTT, abriu em 30 de dezembro o período para consulta pública sobre as minutas de Edital e Contrato, o Programa de Exploração da Rodovia e os Estudos de Viabilidade da BR-116 em Minas Gerais. Estão previstas ainda, três audiências públicas no mês de fevereiro.  

BR-381: Fernão Dias 

Conhecida como “Rodovia da Morte”, a BR-381, no trecho entre Belo Horizonte e Governador Valadares, foi oficialmente concedida à iniciativa privada no último dia 23 de janeiro. O contrato prevê melhorias significativas, incluindo duplicação de trechos, faixas adicionais, passarelas e pontos de ônibus, abrangendo 303 km e beneficiando 21 cidades mineiras. Apesar do otimismo, as obras de duplicação, fundamentais para a segurança, devem começar apenas entre 2027 e 2028, com conclusão prevista para sete anos de atuação da concessionária Nova 381. 

A urgência dessas melhorias é evidente diante dos dados de 2024. A BR-381 registrou 169 vítimas fatais, sendo os atropelamentos de pedestres os principais responsáveis (37 mortes), seguidos por saída de pista (31) e colisão frontal (28). Esses três tipos de acidentes representaram 57% dos óbitos na rodovia. Curiosamente, a maior parte das fatalidades ocorreu em pista dupla (59%) e em retas (37%), o que reflete a necessidade de não apenas melhorar a infraestrutura, mas também investir em educação no trânsito e fiscalização. 

Adicionalmente, 66% dos acidentes fatais nas rodovias mineiras ocorreram em dias de céu aberto, com destaque para horários noturnos (51%) e diurnos (40%), desafiando a percepção de que condições climáticas seriam os principais fatores de risco.  

*Rafaela Aparecida de Almeida é doutora em Gestão Urbana e professora da ESGCN no Centro Universitário Internacional UNINTER 

Imagem: Corpo de Bombeiros MG

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