Empresas de Belo Horizonte (MG) estudam a substituição dos ônibus articulados por ônibus convencionais no Sistema MOVE BRT

Substituição reduziria capacidade de transporte em 40%, e especialistas alertam para risco de superlotação nas viagens.
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As empresas responsáveis pelo transporte público por ônibus em Belo Horizonte, Minas Gerais, estão negociando com a Prefeitura a substituição dos veículos articulados do Sistema Move por modelos convencionais. O argumento é o alto custo de manutenção dos articulados, cuja vida útil termina em dezembro de 2026.

No entanto, especialistas e usuários temem um agravamento na superlotação dos coletivos, já que os veículos convencionais transportam até 48 passageiros a menos por viagem.

A troca preocupa a população, pois se decidirem manter a quantidade atual de ônibus a lotação dos veículos irá priorar. Ao reduzir o número de vagas disponíveis por viagem, é necessário que as empresas e o órgão público garanta um menor intervalo entre viagens.

Segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH), um ônibus articulado transporta até 118 pessoas, enquanto os convencionais têm capacidade para até 70. Atualmente, o Move opera com 189 articulados, dos quais 164 estão em circulação. Os demais são reservas para substituir veículos com falhas mecânicas. De acordo com o sindicato, 44 desses coletivos deixam de operar diariamente por problemas como quebra de motor e falhas no ar-condicionado, gerando um custo mensal de manutenção de cerca de R$ 20 milhões.

A Prefeitura afirma que estuda alternativas para substituição da frota. Uma das possibilidades em análise é uma estratégia mista, com renovação parcial dos articulados e inclusão de veículos menores.

O professor e especialista em trânsito Agmar Bento afirma que a troca só seria viável com queda significativa na demanda, o que, segundo ele, não ocorreu: “O que não pode é ter ônibus menores e ainda mais cheios”.

A mudança também esbarra na estrutura atual do sistema, para substituir todos os articulados por veículos convencionais sem perda de capacidade, seria necessário colocar em circulação 321 ônibus a mais, o que exigiria ajustes na operação dos corredores BRT.

“Os corredores suportam mais veículos? E o controle da operação, será eficiente?”, questiona o especialista Renato Guimarães Ribeiro.

Nos bastidores, há quem relacione o movimento à nova licitação do transporte coletivo prevista para 2028.

Para Renato Ribeiro, o investimento em articulados agora pode ser considerado arriscado pelas empresas, que temem perder a concessão. “O empresário não quer investir em um ônibus mais caro para correr o risco de não vencer a licitação dois anos depois”, pontua.

Procurada pelo jornal O Tempo, a SetraBH nega relação com a nova licitação e diz que o objetivo da proposta é “melhorar a qualidade do transporte público, com ônibus mais eficientes e confortáveis”. A Prefeitura de Belo Horizonte não comentou esse ponto.

Enquanto isso, a população teme que a troca leve à volta de coletivos superlotados e com menos conforto — justamente os problemas que o Move havia sido criado para resolver.

Imagem: Rafael Wan Der Maas

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