Fonte: Webtranspo
Matéria/Texto: João Vidal
No documento final, que sairá da Rio+20, é necessário a inclusão de um espaço dedicado ao transporte sustentável, ao menos, é isso que pedem à ONU (Organização das Nações Unidas) entidades ligadas ao setor. Segundo profissionais da área, o debate sobre o assunto não está tendo a atenção que deveria.
“O transporte não está tendo destaque nenhum nas discussões oficiais da Rio+20. Não é um dos tópicos específicos, como existe o do desmatamento e outros. Até então, estão fora da discussão assuntos como as ações necessárias para melhorar o transporte, o motivo de ter que investir em transporte público nas cidades, a razão pela qual não se pode ter milhões de carros nas ruas”, disse Richele Cabral, diretora de mobilidade da Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro).
Durante o evento paralelo ao da ONU: “Transporte Sustentável nas Cidades do Futuro – Recomendações para a Rio+20”, que aconteceu nesta terça-feira, 19, os representantes do setor discutiram sobre temas que, segundo Cabral, não têm conseguido espaço na pauta da conferência oficial.
Para Philip Turner, gerente de desenvolvimento sustentável da UITP (Associação Internacional de Transporte Público), organizadora do evento realizado ontem, a demanda por transporte público, nas grandes cidades, só deve aumentar e por isso é essencial que haja o debate sobre a sustentabilidade deles.
“Este aumento do uso do transporte público traz consequências muito dramáticas. As emissões vão aumentar, os acidentes vão aumentar, as ruas estarão ainda mais congestionadas. Por tudo isso, o transporte é uma questão essencial. E os problemas atrasam o nosso desenvolvimento econômico”, afirmou Turner.
Como resultado do encontro foi assinado um documento, o pleito às nações, com medidas essenciais para se promover a sustentabilidade no transporte. O registro será entregue à ONU, durante a Rio+20, pela Ilats (Iniciativa Latino-Americana para o Transporte Sustentável).
No pleito, foi destacado a importância do transporte sustentável para o desenvolvimento que agrida menos o meio ambiente e também foi requerido, às Nações Unidas, a criação de programa para elaborar mecanismos financeiros efetivos e duradouros para incentivar a disseminação deste tipo de transporte.
“Nossa preocupação é que o documento final da Rio+20 não traga um recuo em relação ao documento da conferência de Joanesburgo, na África do Sul, há dez anos. Lá, tinha um parágrafo com o compromisso forte das nações para promover um sistema de transporte mais eficiente, seguro, confortável e inclusivo. Este compromisso sumiu depois. Mas queremos agora que as nações reconheçam a importância e se comprometam em promover o transporte sustentável. O documento precisa conter isso”, avalia Luiz Antonio Cortez Ferreira, coordenador da Ilats.