A Busscar não fabrica mais ônibus no Brasil

Fonte: Mobilidade em Foco Matéria / Texto: Carlos Alberto Ribeiro No dia oito de fevereiro desse ano postei matéria na página Mobilidade em Foco fazendo uma análise conjuntural sobre os problemas ...
Fonte: Mobilidade em Foco
Matéria / Texto: Carlos Alberto Ribeiro
onibus+carroceria+busscar+onibusparaibanos.com+falencia+carroceria+%25281%2529No dia oito de fevereiro desse ano postei matéria na página Mobilidade em Foco fazendo uma análise conjuntural sobre os problemas enfrentados por aquela que já foi a segunda maior fabricante de carrocerias de ônibus do Brasil, a Busscar, com planta industrial e matriz na cidade catarinense de Joinville. A matéria, como não podia deixar de ser, dividiu opiniões, que poderíamos dividir em três grupos. O primeiro engloba as pessoas que são fãs dos produtos Busscar e torcem pela recuperação da empresa, para que volte a ser a gigante que um dia já foi. O segundo grupo é composto por aqueles que torcem pela volta da encarroçadora, mas temem que os problemas a façam sucumbir de vez.

O terceiro grupo reúne a turma do contra. Não, a Busscar faliu. Não, a Busscar não está fabricando ônibus. Não, essa notícia não procede, é requentada, isso é coisa que já saiu na mídia em 2012 e está sendo reprisada agora novamente. No entanto, cabe aqui observar, ao mesmo tempo em que afirmam categoricamente a não existência de atividade fabril na Busscar, do outro lado falta-lhes provas que dê sustentação as suas teses. Tudo na base do “achismo, do me falaram, ouvi dizer, o fulano me contou”. Alguns até disseram que tais notícias foram veiculadas em jornais em 2011, quando, na verdade, a decretação de falência ocorreu em 31 de outubro de 2012.
onibus+carroceria+busscar+onibusparaibanos.com+falencia+carroceria+%25283%2529Mas, como diz um velho ditado, nada melhor do que dar tempo ao tempo, pois o mundo dá voltas. Agora, após 26 dias, retomo o assunto. Não costumo redigir matérias sem fontes confiáveis e/ou de cunho técnico. Muitas matérias foram feitas com base no meu conhecimento do produto, baseado no contínuo estudo sobre caminhões, ônibus, automóveis, tratores agrícolas e máquinas de terraplanagem. Meu interesse pelo tema começou aos seis anos. Não parou mais. Mas, no caso específico da matéria sobre a Busscar, postada aqui mesmo na página Mobilidade em Foco, cujo título era “Busscar volta a fabricar ônibus na sua fábrica em Joinville”, um fato curioso e inédito aconteceu comigo.
Com base em inúmeras fontes, de jornais de grande porte em Santa Catarina, ranqueados nas posições 1 a 5 como os mais lidos do Estado, construí a matéria. E sabe o que aconteceu? Após investigação feita pessoalmente por mim, que não fico na base do “achismo ou do me disseram”, investigação esta feita através de telefonemas e de uma viagem pessoal feita até a fábrica da Busscar, em Joinville, constato, após conversa com o pessoal da portaria da empresa, que todas as fontes falharam, deram “barrigada”. A Busscar está PARADA. A Busscar NÃO está fabricando nenhum ônibus e tampouco fabricou unidades desde a decretação de sua falência no dia 31 de outubro de 2012.
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Conversando com quem gentilmente me atendeu, por sinal, muito bem informada para discorrer sobre qualquer assunto referente aos problemas judiciais vividos pela Busscar, ela traçou pra mim um cronograma completo de tudo o que aconteceu. Há, segundo ela, na unidade industrial da Busscar, QUATRO funcionários trabalhando no RH. Sua missão é tirar dúvidas dos funcionários que ainda não tiveram suas rescisões contratuais efetivadas e encaminhar toda a documentação necessária e requerida para aqueles que estão encaminhando o pedido de aposentadoria junto ao INSS.
Além dessa equipe no RH, há outra que trabalha 24 horas por dia na segurança e na portaria da Busscar. Detalhe: todos são funcionários contratados pelo administrador judicial Raimundo Uessler, nomeado pela Justiça para cuidar/gerenciar o patrimônio da Busscar enquanto não se tem uma solução definitiva para o caso. Dito isso, vamos nominar uma das matérias publicadas em jornais que outorgavam vida e atividade fabril na Busscar. Vamos a ela:
1) Diário Catarinense – Blog do Loetz
“Os números da linha de produção da Busscar (em 07.07.2012)
A Busscar recebeu 207 pedidos desde o início da recuperação judicial, de 31 de outubro do ano passado até esta sexta-feira. Do total, 81 veículos foram fabricados e entregues e 43 estão em fase de formalização. Segundo o presidente Cláudio Nielson, a empresa está aceitando pedidos de acordo com a capacidade e prazo de entrega.
onibus+carroceria+busscar+onibusparaibanos.com+falencia+carroceria+%25282%2529“Pouco a pouco, estamos produzindo conforme o caixa disponível. A capacidade produtiva atual é de um carro por dia”. Se o plano de recuperação judicial for aprovado, o capital de giro virá da venda dos imóveis não operacionais e da Tecnofibras, “o que irá possibilitar levantar o volume de produção”.
Obs.: matéria mais desconexa impossível. Postada no dia sete de julho, dizendo que a Busscar estava em processo de recuperação judicial desde 31 de outubro do ano passado (2011). A decretação da falência foi três meses após a publicação desse post na coluna do colunista do Diário Catarinense, ou seja, em 31 de outubro de 2012.
Pra finalizar, outras matérias foram publicadas em jornais com sucursal na cidade de Joinville, como o A Notícia e o Notícias do Dia, dando ênfase a atividade fabril na Busscar, quando na verdade o que houve foi uma interpretação equivocada por parte de quem redigiu tais matérias, confundindo os anos de 2011 e 2012, período que antecedeu a decretação de falência. No transcorrer desse espaço de tempo, realmente a Busscar fabricou algumas unidades. Nada parecido com a produção que teve entre os anos de 2000 a 2008. Pelo contrário, sem capital de giro, a produção seguia quase que em ritmo artesanal, com fabricação de pouco mais de 200 ônibus por ano.
Fica a lição que tem gente que até tem capacidade de redação, fruto da formação profissional, mas parece faltar discernimento para olhar um pouco mais longe na linha do horizonte, pesquisar mais dados, fundamentar a matéria, dotar a mesma de conteúdo técnico como lastro, para que a mesma seja irrefutável sobre qualquer aspecto. E não ser apenas um mero retransmissor de releases prontos, sem checar dados. Com essa postagem, fica o registro da minha retratação sobre o tema, pois fui induzido a erro, mesmo após consultar várias fontes, onde todas tergiversavam num mesmo sentido. Sentido este, equivocado, lamentavelmente.