Irizar, da Espanha para o mundo

Fonte: Lexicar Fotos: Thiago Martins de Souza / Guilherme Martins / JC Barboza Maior e mais antigo fabricante de carrocerias de ônibus da Espanha (foi fundado em 1896) e única encarroçadora ...
Fonte: Lexicar
Fotos: Thiago Martins de Souza / Guilherme Martins / JC Barboza

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Maior e mais antigo fabricante de carrocerias de ônibus da Espanha (foi fundado
em 1896) e única encarroçadora estrangeira instalada no Brasil, a Irizar chegou
ao país em 1997, através de uma joint-venture com a Caio,
visando à produção de ônibus rodoviários com estrutura de aço segundo projetos
desenvolvidos na matriz. O empreendimento, para o qual cada uma das partes
contribuiu com 50% do capital, envolvia a construção de uma planta conjunta
junto à fábrica da Caio, em Botucatu (SP). A associação atenderia a um antigo
anseio da Caio de ter participação mais significativa no mercado nacional de
ônibus rodoviários de luxo, o que nunca havia logrado com os produtos de
desenho próprio. Para a Irizar, importava penetrar no mercado latino-americano,
do qual o Brasil era o maior fornecedor.

Sua
primeira carroceria, o luxuoso modelo Century, foi apresentada em agosto de 1998
no stand da Caio, na Expobus. Embora desde há muitos anos os ônibus rodoviários
brasileiros apresentassem padrões de qualidade e acabamento semelhantes aos
europeus, o lançamento da Irizar apresentou alguns diferenciais, especialmente
quanto à acessibilidade aos órgãos mecânicos e chassi, ao aproveitamento total
dos espaços disponíveis e à ergonomia do posto de direção. Sob o ponto de vista
estético, o Century já trazia, como traço característico (que todos os modelos
futuros iriam repetir), duas marcantes meias-luas conformadas na dianteira e na
traseira. Internamente, apresentava todos os itens de conforto disponíveis para
veículos da categoria: isolamento termo-acústico reforçado, porta-bagagem com
tampa, toalete, sistema de som, monitor de vídeo de 21”, geladeira e sistema de
ar condicionado capaz de manter a temperatura homogênea em qualquer ponto do
veículo. O acabamento externo incluía chapas contínuas (sem emendas) e vidros
colados; as tampas dos bagageiros e os espelhos retrovisores tinham acionamento
remoto. Até o ano 2000 foram fabricadas 415 unidades, pouco menos da metade
destinada à exportação.
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Com
a concordata da Caio, em 1999, a sociedade foi desfeita e a razão social
alterada, de Irizar Caio, para Irizar Brasil S.A.. A linha começou a ser diversificada
com o lançamento, na Expobus2001, do Intercentury, para ligações mais curtas,
com acabamento menos sofisticado e opção de para-brisa bipartido e janelas de
correr, sem condicionador de ar. Ao contrário dos modelos de luxo, para o
Intercentury seria admitida a utilização de chassis com motor dianteiro. No
mesmo evento a família Century, que contava com modelos de 12 e 13 m de
comprimento, ganhou uma variante mais longa, com 14 m; quanto à altura total,
havia três opções: 3,4, 3,7 e 3,9 m. No ano seguinte, foi o Intercentury que
recebeu mais uma versão, porém mais curta, com 10,8 m, facilitando a mobilidade
em centros urbanos.
 
Em
abril de 2005 toda a linha foi renovada, com a apresentação do Novo Century,
mundialmente lançado meio ano antes, no Salão de Hannover, Alemanha, e já
escolhido Ônibus do Ano na Espanha. Mantendo as qualidades dos modelos
anteriores, foi reduzido o peso total, redesenhado o posto do motorista e
melhorada a acessibilidade dos passageiros. O Novo Century tinha linhas decididamente
mais harmônicas, realçadas pela curvatura acentuada das janelas e pelas típicas
meias-luas na frente e atrás, agora abrangendo toda a largura do veículo. Caso
inédito na indústria brasileira de carrocerias, no entanto, o Novo Century
apresentava índice de nacionalização de apenas 80%, em confronto com todo o
restante do setor, que jamais se valeu da importação de componentes para seus
produtos.
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Àquela
altura, a família já compreendia 11 versões – 4×2 ou 6×2, com 12 a 15 m de
comprimento e 3,7 e 3,9 m de altura total, aplicáveis a qualquer chassi ou
plataforma de construção nacional. Com o lançamento do novo ônibus, a Irizar
iniciou a ampliação de suas instalações em 50%, capacitando-se a completar
quatro unidades diárias. No segundo semestre de 2006 a nova família recebeu sua
versão simplificada, para curtas e médias distâncias – o Novo Intercentury; o
Novo Century, por sua vez, passou a ser apresentado com três opções de
acabamento: Semi-Luxury, Luxury e Premium (a mais completa).
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Até
o início de 2008, quando completou dez anos de atuação no país, a Irizar
construíra quase 3.700 carrocerias, correspondendo a 6,5% da produção nacional
de ônibus rodoviários; cerca de 70% deste total foi destinado à exportação para
mais de 30 países, com ênfase na América Latina, onde o Chile é o seu principal
mercado. Mais um modelo foi apresentado no final daquele ano: PB (lançado na
Espanha em 2001, Ônibus do Ano na Europa, em 2004), o novo top de linha da
Irizar brasileira, trazendo de série todos os elementos de conforto do Novo
Century Premium, além de oferecer 24 itens adicionais, como opção, tais como
estofamento de couro, carregadores de celular e limpadores de faróis. Dentre as
características exclusivas, havia controle individual da climatização, calefação
no teto e no piso, desumidificador de ambiente e, para o motorista, abertura
remota das portas, acionamento elétrico da janela e das persianas do
para-brisa. O modelo fazia amplo uso de plástico reforçado com fibra de vidro
no revestimento externo, inclusive no teto e laterais, sendo as chapas de
alumínio utilizadas apenas nas saias e tampas do bagageiro. Disponível somente
para chassis com motor traseiro, podia ter 12, 13 e 14 m de comprimento e 3,7 e
3,9 m de altura.
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A
Irizar permanece produzindo no Brasil somente carrocerias rodoviárias, na
maioria modelos de alto luxo e sofisticação. Com capacidade de produção de
1.000 unidades/ano em um turno de trabalho, vem contudo mantendo o patamar de
500 unidades anuais. Com o objetivo de aumentar a produção de quatro para dez
unidades mensais, em 2012 a empresa decidiu construir nova fábrica, ainda em
Botucatu. Suas carrocerias são hoje também montadas na África do Sul a partir
de componentes fabricados no Brasil.

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