Também de dedos cruzados

Fonte: Mais PB Texto: Mário Tourinho Foto: Rodrigo Gomes Na recente edição dominical do Correio da Paraíba, o empresário Roberto Cavalcanti, em artigo de título “Cruzando os dedos”, refere-se à ...
Fonte:
Mais PB
Texto:
Mário Tourinho
Foto: Rodrigo Gomes


Bassa913


Na recente edição dominical do Correio da Paraíba,
o empresário Roberto Cavalcanti, em artigo de título “Cruzando os dedos”, refere-se
à solenidade de que participou dia 9 de junho corrente no Palácio do Planalto
como diretor da CNI – Confederação Nacional das Indústrias. Naquela solenidade
a presidente Dilma Rousseff fez o lançamento de uma nova fase do Programa de
Investimentos em Logística do Governo Federal, tendo por foco a privatização de
aeroportos, rodovias etc,, em uma espécie de parceria público-privada.

Diante da pouco credibilidade do Governo e, como
diz Roberto Cavalcanti, face a “total fragilidade dos cofres da União para
levar adiante as nossas demandas logísticas”, ele, durante toda a solenidade,
manteve-se  “de dedos cruzados, torcendo fervorosamente para que o mundo
dê ao Brasil mais uma chance de provar que é uma nação de futuro”.
 
Se, de um lado, a expressão “de dedos cruzados”
(que indica um gesto em que o dedo médio de uma das mãos fica atravessado por
cima do dedo indicador da mesma mão) pode representar o desejo de que aquilo
que se anuncia efetivamente se realize, de outra parte pode corresponder a um desejo
de anular o caráter vinculativo a uma promessa ou juramento.
 
Daí, dizermos que também estamos de dedos cruzados,
mas, neste nosso caso, torcendo para que o projeto de lei enviado ao Congresso
Nacional pela presidente Dilma alusivo ao ajuste fiscal e que inclui o setor de
transporte coletivo urbano para pagar em vez da atual alíquota de 2% do encargo
previdenciário, fazê-lo, a partir de 1º de julho, com uma nova alíquota de
4,5%, que esse projeto não vingue… não seja aprovado!
O transporte público urbano no Brasil já está em
crise há bastante tempo, de tal forma que em 2013 a presidente Dilma acenou e
adotou medidas de desoneração que aliviaram a questão tarifária, especialmente
quando a população reclamava de reajuste de R$ 0,20 nas passagens dos ônibus.
Foi um tempo em que a mesma presidente Dilma, inaugurando o aeromóvel de Porto
Alegre (interligando o aeroporto Salgado Filho à mais próxima estação do metrô)
afirmava que o transporte público tem de ser priorizado. No entanto, propondo o
aumento de imposto para esse setor em mais 2,5% sobre o faturamento das
empresas, isto é um contra-senso porquanto só essa diferença, no caso de São
Paulo que tem tarifa técnica de R$ 4,76, já corresponde a mais da metade dos 20
centavos que levaram a população àqueles protestos de junho de 2013. E
isto aponta que o alvo dos protestos deva ser o aumento do imposto… e  não
o reajuste da tarifa!