O sistema de Campina Grande vai mudar. E isso será visível‏

Fonte: Portal Ônibus Paraibanos Texto: Josivandro Avelar Fotos: Walteir Mikael A partir desta quarta-feira, 5 de agosto, o sistema de transporte coletivo da cidade de Campina Grande começa a sentir os ...

Fonte: Portal Ônibus Paraibanos
Texto: Josivandro Avelar
Fotos: Walteir Mikael

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A partir desta quarta-feira, 5 de agosto, o sistema de transporte coletivo da cidade de Campina Grande começa a sentir os efeitos das mudanças que serão implementadas após a licitação que redefiniu as concessões das empresas de transporte. Agora, o sistema campinense contará com 4 empresas, divididas em 2 consórcios de 2 empresas cada uma. Empresas saem de cena e as mais fortes – como era de se esperar – sobreviveram. Mas não serão como antes.

São José (Idalino Transportes) e Borborema saem de cena. As empresas Transnacional e Cruzeiro serão componentes do Consórcio Santa Verônica, e as empresas Nacional de Luxo e Cabral, componentes do Consórcio Santa Maria. O primeiro consórcio será responsável pelas linhas da Zona Sul campinense enquanto o segundo, fica com as linhas das áreas Norte e Oeste da cidade, a incluir o distrito de São José da Mata.

A STTP vai adotar um sistema de padronização no visual dos veículos, ao que tudo indica. Sendo assim, Campina será a primeira cidade da Paraíba a adotar uma padronização de frota – lembrem-se: em João Pessoa, mesmo o sistema sendo dividido em dois consórcios, não há padronização visual.

As empresas terão 120 dias para adequar os veículos ao novo padrão campinense. E isso inclui até mesmo os prefixos, como vocês verão a seguir.

Enquanto não vem a pintura, vem o crachá

Aqui vemos o carro 0711 da Transnacional campinense com elementos do Consórcio Santa Verônica, do qual ela faz parte junto com a Cruzeiro. O nome da empresa foi coberto com um adesivo da Prefeitura, enquanto o logotipo do consórcio aparece junto ao prefixo.

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No caso da Transnacional, o nome da empresa desaparece de vez das latarias de seus ônibus. A empresa já não estampava mais o nome na frota pessoense, quando adotou o nome Unitrans em consórcio com a Reunidas. Desde novembro de 2012, nenhum veículo adquirido pela Transnacional de João Pessoa tem o nome na lataria, só o da Unitrans. Agora o caso deve se repetir em Campina Grande, com o nome da Santa Verônica no lugar do da TN.

A numeração de frota muda

A licitação campinense muda uma velha fórmula adotada pelas empresas paraibanas desde a década de 1970, a de numeração da frota. O sistema numérico que Campina Grande vai deixar de usar é o mesmo adotado no sistema de João Pessoa, que consiste em identificar um ônibus por quatro dígitos iniciados sempre por zero. O segundo dígito indica a empresa e os dois últimos (que em João Pessoa podem ser até três) indicam o número de ordem do veículo. A numeração nesse caso é transferível, ou seja, o mesmo número é reaproveitado por outros ônibus conforme a frota é renovada. Por exemplo: o carro 0027 da Nacional de Luxo será um Torino ano 2008; essa mesma numeração 0027 identificou anteriormente um Senior Midi de 2006.

As 4 empresas que sobraram utilizam respectivamente os dígitos 0, 1, 3 e 7 no antigo sistema numérico. O princípio de reorganização do sistema já começa partindo por aí. Para isso, a STTP publicou a portaria Nº 053/2015, que determina a nova identificação numérica da frota campinense. No artigo 2 da portaria, fica expresso como a nova numeração deverá ser adotada. Ela será de cinco dígitos, organizados da seguinte forma:

  • O primeiro dígito é referente à empresa – vai de 1 até 4;
  • O segundo e terceiro dígitos, referentes ao ano de fabricação do veículo;
  • O terceiro dígito, será o número de ordem de fato e a empresa pode utilizar o critério que quiser;
  • O quarto dígito, será referente ao mês de vistoria do veículo, ou seja, será no mínimo de 0 até 9 de janeiro à setembro. A STTP não explicou como seria a numeração referente aos meses de outubro, novembro e dezembro.

Antes de praticar a fórmula acima, vamos ver como fica a numeração das empresas – a que é definida no primeiro dígito:

1- A.Cândido e Cia LTDA – Expresso Nacional de Luxo
Antiga numeração: 00XX
Nova numeração: 1 XXXX

2- Viação Santa Rosa LTDA – Cabral e Santa Rosa
Antiga numeração: 01XX
Nova numeração: 2 XXXX

3- Transportes Nacional de Passageiros – Transnacional
Antiga numeração: 07XX (até 2009, já foi 32XX)
Nova numeração: 3 XXXX

4-Verônica Salete Transportes LTDA – Viação Cruzeiro
Antiga numeração: 03XX
Nova numeração: 4 XXXX

Lembram do carro 0027 mencionado anteriormente? Pois bem, ele pode hipoteticamente ser 2 0828; 2 como número da Nacional, 08 referente ao ano de fabricação do veículo (2008), o 2 fica a critério da empresa, aqui utilizamos um exemplo, e se supormos que a vistoria do veículo será realizada todo mês de agosto, seu último dígito seria 8.

Vamos aplicar a fórmula no carro 0321 da Cruzeiro, recém adquirido pela empresa. Esse carro seria:

4 1528

4- Número referente à Viação Cruzeiro
15- Número referente ao ano de fabricação do veículo – fabricado em 2015
2- Usamos esse número por ter sido o segundo veículo adquirido zero quilômetro pela empresa no ano – o primeiro havia sido o 0301 em maio.
8- Supondo que o mês de sua vistoria seja agosto.

Se pegássemos o 0301 e sua vistoria tiver sido em maio, ele seria 4 1515. Se for esse mês, é 4 1518. Na prática, essa numeração seria única e intransferível, uma vez que é impossível haver coincidências mesmo que a empresa, por exemplo, traga carros seminovos.

Peguemos o carro 0755 da Transnacional; ele seria 3 1247; 3 pela empresa, 12 pelo ano de fabricação, 1 se na prática tiver sido o quarto carro de 2012 à chegar na empresa, por exemplo, e 7 pelo mês de julho, por exemplo. Por ser da Transnacional e ter sido fabricado em 2012, ele seria 3 12XX invariavelmente; o critério numérico e o mês de vistoria definem o que realmente vai identificar o veículo.

O quarto dígito pode ser crescente ou até utilizar dígitos pares ou ímpares, ou múltiplos de um número qualquer – isso fica à critério da empresa. Em Fortaleza, por exemplo, é comum várias empresas empregarem essas fórmulas matemáticas na numeração de suas frotas.

Curiosamente, o sistema de numeração segue sendo por empresa; os consórcios serão identificados visualmente, sem referências na numeração.

Um sistema organizado – ou o que se espera dele

Como vimos nesta matéria, o sistema de Campina Grande utilizará uma padronização de facto. Tudo parece indicar para a adoção de uma pintura padronizada na cidade, bem como os consórcios foram definidos por suas áreas e o sistema numérico de frota será alterado. Tudo muito diferente do sistema de João Pessoa, onde a divisão por consórcios não segue critério algum de área.

Essas mudanças de organização começam a ser sentidas pelo usuário. Na última segunda-feira, as paradas do Terminal de Integração de Campina Grande foram reorganizadas. Agora, serão os ônibus. A estrutura de linhas permanecerá a mesma a que os usuários estão acostumados.

O que se espera de fato é que o sistema campinense se torne mais organizado do que realmente já é ou ao menos parece. É inegável que o sistema de Campina Grande é uma referência nas capitais do interior do Nordeste e um verdadeiro laboratório para o sistema de João Pessoa – no sentido de que muito do que foi feito no sistema da capital paraibana foi implementado antes em Campina Grande.

Se tudo sair conforme o planejado, se espera que o sistema campinense seja o mais organizado da Paraíba. E nada mais natural que a nostalgia e a lembrança de algo que agora começa a ficar para trás, da pintura da Transnacional e da Cabral, até as numerações de todas as empresas campinenses, passando pelas empresas que deixarão o sistema como a Idalino Transportes e a Borborema.

As mudanças estão começando. Para que o sistema mais avançado do interior do Nordeste assim se conserve.