Seminário NTU promoveu amplo diálogo sobre Marco Legal do Transporte Público e inovações do setor

Evento aconteceu em Brasília (DF) nos dias 8 e 9 de agosto e contou com uma programação completa para debater mudanças no setor.
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Em sua 36ª edição, o Seminário Nacional da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) apresentou, nos dias 8 e 9 de agosto em Brasília (DF), o tema “Um Novo Marco para o Transporte Público Urbano de Passageiros”. Além de debater a respeito da regulação, foram apresentadas tecnologias relevantes para o setor, os desafios do transporte coletivo atual e a descarbonização. Cerca de mil pessoas, entre empresários, entidades de classe, especialistas e representantes do Legislativo e do Executivo passaram pelo evento nos dois dias.

Na ocasião, a Confederação Nacional do Transporte (CNT) apresentou a pesquisa inédita “Perfil Empresarial 2023” com detalhes sobre as empresas operadoras de ônibus no Brasil e o cenário atual do setor. Os dados apontam redução de 24,4% dos passageiros entre 2019 e 2022, com perda de 8 milhões de viagens por dia. Em 2019 eram 33 milhões de viagens e esse número caiu para 25 milhões.

Isso representa uma perda de cerca de R$ 40 bilhões para o setor, que vive uma crise intensificada pela pandemia da Covid-19. O impacto também chegou a diminuição de mais de 90 mil empregos diretos.

Como ponto positivo, os benefícios de Tarifa Zero aumentaram, com 84 cidades brasileiras atuantes – antes da pandemia, o número era abaixo de dez municípios. Além disso, 91,4% das empresas adotam a bilhetagem eletrônica, aumentando ainda mais a experiência positiva para os passageiros.

Fabio Juvenal Ferreira, CEO da Empresa 1

Marco Legal: o começo de um longo caminho

As autoridades presentes no evento afirmaram a intenção de que o documento do Marco Legal seja concretizado e assinado ainda no segundo semestre de 2023, de modo a promover desde as mudanças necessárias no setor, os ajustes no modelo de financiamento até a segurança jurídica dos contratos, passando por programas de qualidade e transparência.

“Com o documento, teremos as diretrizes para regular os serviços do setor pela iniciativa privada e será estabelecido o transporte público coletivo como direito social e dever do estado e serviço público de caráter essencial. O texto também vai abordar a organização e produção dos serviços, considerando a sua qualidade e a produtividade do setor, entre outros pontos. Além disso, deve ampliar a inclusão da população de baixa renda aos serviços oferecidos”, afirmou o presidente executivo da NTU, Francisco Christovam.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, pontuou que há quatro grandes desafios nos próximos meses: a reforma tributária; a aprovação do Marco Legal, com o Projeto de Lei (PL) 3.278/2021; fortalecimento das políticas de gratuidade e a transição energética. Ainda assim, reforçou que quando se fala de transporte coletivo de passageiros, para além de ser um direito social, é uma expressão também de civilidade. “Países civilizados valorizam, estimulam transporte coletivo, inclusive o subsidiando e é importante que no Brasil, ao invés da cultura da multiplicação de automóveis e motocicletas, tenhamos um transporte coletivo digno que possa atrair todas as camadas sociais para o seu uso”.

Para o presidente do conselho diretor da NTU, João Antonio Setti Braga, esta é a oportunidade de organizar o setor e repensar o modelo. “Pode colocar o transporte público brasileiro em um novo patamar, com uma mobilidade cada vez mais humana”, sinalizou.

O Secretário Nacional de Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, Denis Eduardo Andia, reforçou que essa reorganização é essencial para dar segurança aos agentes do setor e gestores das cidades para que possam fazer o melhor para a população. “O Marco Legal tem um impacto inicial e também uma maturação a longo prazo”, disse.

As empresas do setor têm grandes expectativas de melhorias. Para Fabio Juvenal Ferreira, CEO da Empresa 1, centro de inovação em mobilidade urbana e pioneira em bilhetagem digital no Brasil, o Marco Legal não só regulamenta o setor como também permite que se entenda melhor as necessidades do transporte público no Brasil e suas soluções. “Ganharemos em transparência e confiança, mas também ampliaremos as possibilidades de melhorar as operações com foco no usuário e atrair mais pessoas para o transporte público. Da mesma forma, será possível viabilizar novas formas de receitas que possam trazer mais rentabilidade para o operador”, declarou.

Tecnologia é aliada nas mudanças do mercado

Diante do cenário de redução de demanda de passageiros, o setor tem o grande desafio de melhorar o transporte coletivo e fazer com que mais pessoas estejam dispostas a utilizar o ônibus em seu dia a dia. Nesse sentido, promover mais qualidade no serviço, experiência diferenciada e praticidade devem estar nos planos das empresas envolvidas.

A tecnologia é grande aliada nessa jornada e ganhou um painel exclusivo no Seminário, um dos momentos mais importantes do evento: “Inovação em sistemas inteligentes de transporte e meios de pagamento”. Marcionilio Sobrinho, CTO da Empresa 1, destacou os esforços da companhia para desenvolver soluções cada vez mais inovadoras que entregam valor ao cliente final. “A empresa busca inovação e tem utilizado visão computacional para analisar o comportamento dos passageiros, motoristas e dos próprios veículos por meio de ferramentas de monitoramento. O objetivo é garantir satisfação dos usuários, utilizando a tecnologia como meio para alcançar esses objetivos”, contou.

Além de conferir as principais tendências do setor, o público teve a oportunidade de conferir os lançamentos tecnológicos da Empresa 1 que prometem impulsionar a transformação digital da mobilidade urbana. São ferramentas de monitoramento, troca de informações em tempo real com central de controle, mapeamento das linhas, entre outras, tudo integrado no validador de bilhetagem e permitindo gestão mais qualificada, segurança e inúmeras possibilidades de serviços para os passageiros.

Descarbonização

A descarbonização também foi assunto recorrente nos dois dias de evento, uma vez que é uma necessidade global, e colocam o ônibus elétrico, utilizando energia limpa e menos poluentes, como alternativa. A intenção é que os próximos esforços de renovações de frotas sejam já utilizando essa tecnologia.

Embora seja um longo caminho até lá, no Seminário NTU foi possível já ver ônibus elétricos 100% fabricados pela indústria brasileira, com emissão zero de CO₂. Nos painéis de discussão a respeito, foi debatida importância de ter essa transformação como agenda oficial e potencializar os incentivos e financiamentos também nesse caminho.

O presidente honorário da UITP América Latina, Jurandir Fernandes, ressaltou que além dos benefícios para o meio ambiente, há inúmeras vantagens para a gestão. “Além de manutenção mais barata, estudos mostram que o ônibus elétrico traz a economia de 74% a 80% no custo por quilômetro”.

Imagem: Divulgação/Empresa1