Segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT), o óleo diesel representa 35% do custo operacional do transporte rodoviário de carga, sendo o componente que mais pesa nos valores do frete e, portanto, o maior denominador nas cadeias produtivas, atingindo diretamente o controle inflacionário e a vida de todos os brasileiros.
Devido ao alto consumo do diesel, combustível fóssil conhecido pelos seus impactos ao meio ambiente, o modal rodoviário é um dos principais segmentos quando falamos sobre emissões de gases poluentes. Contudo, sabendo desses desafios, as empresas do setor vêm buscando alternativas para mudar o cenário.
Recentemente, foi anunciado o novo diesel R5 – combustível com 95% de diesel mineral derivado do petróleo e 5% de diesel verde renovável derivado do óleo de soja. Ao chegar nas distribuidoras, o combustível também sofre uma adição de mais 12% de biodiesel éster conforme estabelecem as legislações atuais.
Marcel Zorzin, diretor operacional da Zorzin Logística, onde atua constantemente com a frota de caminhões da empresa, destaca que essa nova fórmula pode se tornar uma saída para a diminuição da emissão de gases poluentes no transporte.
“Acredito que pode ser uma alternativa, podendo nos ajudar a quebrar o estigma de que os caminhões sempre são os vilões da história, sendo que sempre buscamos utilizar um combustível necessário para realizar as atividades. É claro que os caminhões atuais são mais modernos e têm melhorado na questão das emissões, mas o diesel é ainda é uma fonte significativa de poluição”, pondera o executivo.
O desejo de contribuir com a integração de iniciativas no combate da poluição e de ser um forte integrante nas práticas de governança ambiental, social e corporativa (ESG) faz com que as empresas do modal tracem planejamentos estratégicos que otimizem suas operações e diminuam os fatores poluentes.
Para Marcel, é preciso tomar cuidado com a utilização desses combustíveis, visto que não se trata de somente utilizar, mas, sim, de uma combinação de fatores: “Na minha opinião, o biodiesel, assim como o diesel tradicional, não reduzirá significativamente as emissões de CO₂, já que aumentará o consumo. O maior desafio está em combinar um equipamento que queime de forma eficiente com um combustível mais limpo. A presença de enxofre e de outras impurezas no petróleo torna o processo de refinamento mais caro, mas acredito que estamos no caminho certo”, relata o empresário.
Outra questão que fere o não cumprimento da descarbonização é a idade média dos caminhões. Conforme pesquisa de 2019 da CNT que ouviu 1.066 motoristas profissionais, a idade média dos caminhões chega a 15,2 anos, ou seja, quanto mais antigos os caminhões, mais poluição é gerada pelas rodovias.
Por outro lado, a Zorzin Logística, por exemplo, mesmo com os caminhões com uma idade média avançada, vem, segundo Marcel, há muito tempo buscando soluções para que eles se alinhem aos novos veículos com maiores tecnologias.
“Quando o S10 foi introduzido no mercado e foram projetados equipamentos para utilizá-los, atualizamos toda a nossa frota. Adaptei os veículos para o combustível em questão, realizando manutenção e troca de filtros. Isso provou ser bem-sucedido, pois observamos uma redução significativa nas emissões de partículas”, relata Marcel.
Apesar de se tratar de mais uma alternativa para um transporte de cargas mais sustentável, as empresas sentem um certo receio com relação à precificação que será atribuída nas operações, tornando-se um fator desafiador para o setor como um todo.
“Concordo que o transporte de cargas está se tornando cada vez mais caro devido à várias políticas governamentais e flutuações de mercado. Espero que o novo diesel R5 seja competitivo em termos de preço para que as empresas possam investir nele. Os clientes desejam energia limpa, mas, muitas vezes, o custo inicial de veículos e de equipamentos mais ecológicos desestimula. Se o R5 oferecer uma opção viável, eu mudarei para ele sem hesitação, simplificando minha frota”, finaliza o diretor operacional da Zorzin Logística.