Prefeitura de São Paulo inicia processo de rompimento de contratos com empresas de ônibus ligadas ao PCC

Transwolff e UPBus, responsáveis por atender mais de 600 mil passageiros por dia em São Paulo, são investigadas por envolvimento em lavagem de dinheiro e tráfico de drogas;
São Paulo

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), assinou nesta sexta-feira (27) dois decretos que iniciam o processo de rompimento dos contratos de concessão com as empresas de ônibus Transwolff e UPBus, investigadas por suspeita de ligação com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Ambas atendem mais de 600 mil passageiros diariamente nas Zonas Sul e Leste da capital paulista.

Os decretos foram publicados no Diário Oficial do Município de São Paulo e oficializam a abertura do processo de caducidade dos contratos, após meses de intervenção da SPTrans e auditorias realizadas por determinação da Justiça.

Histórico das investigações

As suspeitas contra as empresas começaram em abril, quando o Ministério Público de Sâo Paulo deflagrou uma operação envolvendo a Polícia Militar, a Receita Federal e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Os alvos eram dirigentes das duas concessionárias, acusados de usar as empresas para lavar dinheiro do tráfico de drogas e de outros crimes.

Desde então, as empresas estão sob intervenção da Prefeitura, que contratou a Fundação Carlos Alberto Vanzolini para realizar uma avaliação independente sobre sua viabilidade econômico-financeira e operacional. Em nota, a entidade destacou que o trabalho visa fornecer subsídios para a tomada de decisão pela Administração Pública Municipal.

Irregularidades e decisão da Prefeitura

Durante agenda nesta sexta, Ricardo Nunes afirmou que as respostas apresentadas pelas empresas às notificações de irregularidades foram insuficientes. “As empresas tiveram 15 dias para apresentar defesa, mas não atenderam aos apontamentos feitos. Agora, têm mais 15 dias para novas justificativas antes do encerramento do processo de caducidade”, explicou o prefeito.

A SPTrans identificou inconformidades financeiras e operacionais durante a intervenção, corroborando as denúncias feitas pelo Ministério Público. Entre elas, estão desvios de recursos públicos e a utilização das empresas como fachada para atividades ilícitas.

Próximos passos da Prefeitura de São Paulo

Após o rompimento definitivo dos contratos, a Prefeitura abrirá nova licitação para que outras empresas assumam as linhas de ônibus operadas pelas investigadas. Até lá, a gestão municipal garantiu que os serviços de transporte público continuarão funcionando normalmente sob administração da SPTrans.

Ligação com o crime organizado

As investigações apontam que a Transwolff e a UPBus foram utilizadas pela facção criminosa PCC para lavar dinheiro oriundo do tráfico de drogas e de outros crimes. Desde 2015, as empresas receberam mais de R$ 5,3 bilhões da Prefeitura de São Paulo para operar linhas de ônibus, segundo o Ministério Público.

Entre os sócios da UPBus, estão integrantes da cúpula do PCC, incluindo Alexandre Salles Brito, o “Buiú”, e Claudio Marcos de Almeida, conhecido como “Jango”. Ambos já foram investigados por crimes como tráfico de drogas, homicídios e roubo a bancos.

Já a Transwolff enfrenta denúncias de apropriação de recursos dos cooperados e ameaças contra seus membros para centralizar o controle da empresa.

Impacto no transporte público de São Paulo

Com mais de 600 mil passageiros atendidos diariamente, as Zonas Sul e Leste dependem fortemente das linhas operadas pelas empresas investigadas. A Prefeitura informou que está priorizando a manutenção dos serviços e que tomará todas as medidas para evitar interrupções até a contratação de novas operadoras.

O caso evidencia a complexidade da relação entre o transporte público e o crime organizado em São Paulo, um problema que remonta aos anos 1990, quando perueiros clandestinos começaram a dominar o setor em áreas periféricas da cidade.

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Imagem: Reprodução TV Globo

A situação também levanta questionamentos sobre a fiscalização e a transparência na gestão de contratos públicos, um desafio que a Prefeitura promete enfrentar com rigor nos próximos passos do processo.

Imagem: Acervo G1 / Reprodução TV Globo

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