Estudo aponta veículos mais indicados para transporte nas grandes cidades brasileiras

Fonte: Agência Brasil Fotos: Divulgação BRT, VLT e monotrilho. As duas siglas e a palavra monotrilho representam não apenas meios, mas sistemas de transportes que podem amenizar as dificuldades do ...

Fonte: Agência Brasil
Fotos: Divulgação

vlt x BRTBRT, VLT e monotrilho. As duas siglas
e a palavra monotrilho representam não apenas meios, mas sistemas de
transportes que podem amenizar as dificuldades do trânsito nas grandes cidades.
Hoje, os efeitos negativos vão além da qualidade de vida daqueles que,
diariamente, perdem horas tentando se locomover entre a casa e o trabalho ou a
escola. Um estudo da Confederação Nacional da
Indústria (CNI) mostra que os problemas de deslocamento dos moradores nas
grandes cidades afetam “diretamente” a produtividade do trabalhador e a
competitividade do setor produtivo. De acordo com o estudo Cidades: Mobilidade,
Habitação e Escala, no Brasil, a situação tem piorado, já que, entre 2003 e
2010, o tempo médio gasto pelo brasileiro em deslocamentos urbanos aumentou
20%.

A solução para o problema pode estar
nas siglas BRT e VLT e no monotrilho, diz o diretor do Sindicato da Arquitetura
e Engenharia (Sinaenco), José Roberto Bernasconi. A primeira delas, bus rapid
transit, refere-se a um sistema de ônibus com faixa exclusiva, no qual a tarifa
é paga antes do embarque, ainda na estação. A segunda sigla – veículo leve
sobre trilhos – é usada para uma versão moderna dos antigos bondes. Para
situações onde há menos espaços na superfície, a solução pode estar alguns
metros acima do solo: o monotrilho, sistema de transporte que, em geral, é
feito sobre vigas.
“A escolha do sistema ideal depende
de fatores como o tamanho da demanda e as condições da cidade”, disse à Agência
Brasil o diretor do Sinaenco. “O veículo com maior capacidade de transporte é o
metrô, que consegue transportar 80 mil passageiros por hora em cada sentido. O
problema é o alto custo de construção e as dificuldades de implementá-lo em
cidades já constituídas”, ressaltou Bernasconi. Ele destacou, porém, que, para
boa parte das cidades brasileiras, o transporte de superfície mais eficiente é
o BRT.
Segundo o diretor Bernasconi, apesar
de ter menor capacidade – 30 mil passageiros por hora em cada sentido –, o BRT
é um sistema muito eficiente “e com metodologia totalmente brasileira”. O
sistema foi implantado pela primeira vez em Curitiba e, atualmente, é usado em
diversos países, tanto na Europa quanto na Ásia e nas Américas.
Já o VLT tem capacidade para
transportar 40 mil passageiros por hora em cada sentido. “Do ponto de vista
ecológico, este bonde moderno é o melhor sistema de transporte. Além de ser
agradável de andar, é bastante silencioso. Isso ajuda a evitar, também, a
poluição sonora, muito comum em ambientes urbanos”, explicou o especialista.
Para localidades onde não haja espaço
na superfície, o mais indicado é o monotrilho. 
“Quem já foi a Miami ou à
Disneylândia conhece bem este sistema. É como se fosse um VLT, só que elevado
[por vigas]. É um transporte caro, e há questionamentos quanto aos efeitos que
ele causa na paisagem. Mas há também muita gente que o acha bonito”. O
monotrilho tem capacidade para transportar 50 mil passageiros por hora em cada
sentido.
vlt brt
De acordo com Bernasconi, o
monotrilho tem também suas vantagens. “Além de poder atingir mais velocidade em
áreas complicadas, permite um passeio bonito, com paisagens vistas do alto.
Isso ajuda a criar, no cidadão, o hábito de querer usar o transporte público [e
deixar o carro na garagem].”
“Ainda que ter carro seja um direito,
é por causa deste tipo de veículo que as cidades estão com pessoas cada vez
mais aborrecidas por causa de trânsito. O problema é que não há, no Brasil, uma
cultura de uso do transporte público, a exemplo do que acontece em vários
países europeus. Lá, é hábito usar veículos particulares apenas nos finais de
semana, geralmente para pegar rodovias. Somado a isso, há o fato de, por aqui,
carro estar associado a status”, acrescentou Bernasconi.
Segundo o estudo da CNI, o Brasil
teve crescimento demográfico de 13% entre 2003 e 2010. No mesmo período, o
número de veículos em circulação aumentou 66%. Conforme o estudo, a consequência
é que cada morador das 12 metrópoles brasileiras (Rio de Janeiro, São Paulo,
Belo Horizonte, Salvador, Brasília, Belém, Curitiba, Fortaleza, Goiânia,
Manaus, Porto Alegre e Recife) gasta, em média, uma hora e quatro minutos para
se locomover. Nas cidades médias, que têm entre 100 mil e 500 mil habitantes,
as pessoas gastam, em média, 31 minutos em seus deslocamentos.