A Viação Catedral protocolou esta semana na Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) uma denúncia contra o Grupo Guanabara, acrescentando mais um episódio à disputa de interesses que tem sido travada entre as empresas que operam no transporte rodoviário interestadual de passageiros.
Conforme detalhado na denúncia, o Grupo Guanabara é acusado de ter praticado fraudes no registro de mais de mil viagens no sistema Monitriip. Esse sistema é utilizado pela ANTT para conceder autorizações de novas linhas e avaliar o desempenho operacional das empresas, com fins de formulação de política pública. Questionada a respeito, a Guanabara declarou repúdio “veemente” às acusações, afirmando que segue rigorosamente a legislação e as normas do setor.
O dossiê entregue à ANTT, contendo supostas irregularidades identificadas pela empresa, fundamentado em dados públicos obtidos do sistema Monitriip durante o período de janeiro e novembro do ano passado. Essa ação da Catedral pode ser vista como uma resposta à denúncia anterior feita pela Guanabara contra ela.
Em setembro do ano passado, a Guanabara acusou a Catedral de também fraudar o Monitriip, o que levou a ANTT a suspender todas as mais de 40 autorizações da empresa na véspera do Natal, sem a instauração de um processo administrativo. Na ocasião, com mais de 100 mil passagens vendidas, a Catedral conseguiu manter suas operações por meio de uma decisão liminar do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília.
Na denúncia formalizada, a Catedral solicita a suspensão do sistema Monitriip para que sejam analisadas e corrigidas possíveis falhas e vulnerabilidades. Além disso, requer que a agência adote medidas e investigue as denúncias contra o Grupo Guanabara.
Fundado por Jacob Barata no Rio de Janeiro em 1968, o Grupo Guanabara é uma das principais empresas do setor no país, operando centenas de linhas, com 2 mil destinos, mais de 900 ônibus e 8 mil funcionários. Em seu portifólio possuem empresas como a Expresso Guanabara, Real Expresso, Rápido Federal, UTIL – União Transporte Interestadual de Luxo, Sampaio e Brisa. Já a Viação Catedral, conhecida pelo nome fantasia Kandango, foi estabelecida em Brasília em 1985, contando com cerca de 1 mil funcionários e 149 ônibus em sua frota.
Confira a nota do Grupo Guanabara na íntegra:
“A Guanabara repudia veementemente a acusação. A empresa cumpre a legislação e é comprometida com as regras do setor. As práticas citadas são passíveis de punição grave da agência reguladora, que vem fiscalizando todo o segmento, incluindo a empresa autora da denúncia. Por fim, cabe recordar que a empresa que fez a acusação infundada tem reputação duvidosa e pratica comprovadamente as fraudes que tenta imputar à Guanabara. Essas fraudes foram comprovadas e a empresa teve a licença cassada por decisão colegiada da Agência Reguladora em 2023. Está operando sob recurso.”
Nota emitida pelo Grupo Guanabara em 28 de fevereiro de 2024.
Imagem: Jovani Cecchin
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